SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Citroën Basalt, da Stellantis, ficou com zero de cinco estrelas e foi reprovado no teste de segurança do Latin NCAP (Programa de Avaliação de Carros Novos para América Latina e o Caribe). Segundo a empresa, os principais problemas envolveram o impacto traseiro, a proteção proporcionada ao peito do passageiro adulto e os sistemas de assistência à segurança. Os dois testes anteriores da Citroën também tiveram nota zero -do C3 Aircross em 2024 e do C3 em 2023.
A Stellantis afirma que “todos os modelos comercializados atendem as regulamentações nacionais e internacionais vigentes nos países da América Latina e Europa”. Também seriam realizados protocolos de avaliação no Safety Center de Betim (MG), “o mais moderno centro de testes de colisão do hemisfério sul”, segundo a empresa.
A Citroën diz que “a segurança de um veículo é um conjunto concebido desde o início do seu desenvolvimento e vai muito além da oferta individual de itens de segurança ativa e passiva”. Também afirma que “não financia nem patrocina as avaliações realizadas pela entidade”.
O secretário-geral do Latin NCAP, Alejandro Furas, diz que o resultado de qualquer teste do NCAP é objetivo, mensurável e transparente. “Não importa se esse teste foi pago com recursos próprios do Latin NCAP ou se foi um teste voluntário da marca, o resultado teria sido sempre o mesmo: zero estrelas.”
“Mesmo que a Stellantis quisesse solicitar um teste voluntário do Basalt, o Latin NCAP não o aceitaria, a menos que a marca adotasse mudanças técnicas suficientemente relevantes que justificassem uma nova avaliação, como, por exemplo, airbags laterais de cabeça padrão”, acrescentou.
Nos testes da entidade, o Citroën Basalt obteve 15,75 pontos de 40 possíveis (39% do total) na proteção de passageiros adultos. O principal problema foi a estrutura do veículo, classificada como “instável” no impacto frontal, o que significa que, segundo a empresa, ela não conseguiu absorver bem as forças da batida e pode não suportar cargas maiores em acidentes mais graves.
Nos impactos frontais, a proteção para a cabeça e o pescoço do motorista e do passageiro foi considerada boa. Já a proteção do peito foi considerada apenas marginal para o motorista e insuficiente para o passageiro, devido ao desempenho inadequado do pretensor do cinto de segurança.
No impacto lateral contra barreira móvel, o Basalt apresentou boa proteção para cabeça, pelve, abdômen e peito. No entanto, o teste de impacto lateral contra poste não foi realizado, já que o modelo não conta com airbags laterais de cabeça como item padrão -requisito mínimo para esse ensaio.
No teste de “whiplash” (que simula lesões no pescoço em batidas traseiras de baixa velocidade), o desempenho foi avaliado como marginal. O veículo também não atenderia aos requisitos estruturais da norma UN R32, que avalia o comportamento da carroceria em colisões traseiras, e não tem sistema de frenagem autônoma de emergência em baixa velocidade (AEB City), segundo o teste.
Na proteção infantil, o modelo somou 28,59 pontos de 49 possíveis (58% do total). A cadeirinha voltada para trás usada com isofix e pé de apoio garantiu boa proteção no impacto frontal para os bonecos que simulam crianças de um ano e meio e três anos. No impacto lateral, a proteção foi total para o boneco menor, mas a cabeça do boneco de três anos tocou a lateral interna do veículo, o que aumenta o risco de lesões.
Na avaliação de proteção a pedestres, o veículo tirou 25,62 pontos de 36 possíveis (53% do total). O capô apresentou áreas centrais com boa absorção de impacto, enquanto as regiões próximas ao para-brisa mostraram níveis baixos de proteção. O Basalt não oferece sistema de frenagem automática de emergência voltado a pedestres (AEB VRU), afirma a Latin NCAP.
Já em sistemas de assistência à segurança, o modelo obteve 15 pontos de 43 possíveis (35%). O carro tem controle eletrônico de estabilidade (ESC) como item padrão, mas não conta com alerta de ponto cego, assistente de permanência em faixa, limitador de velocidade ou sistemas automáticos de frenagem. O alerta de cinto de segurança, presente apenas no banco do motorista, não atende aos requisitos do Latin NCAP.
A Stellantis diz que toda a gama Citroën tem uma carroceria com ampla proteção ao habitáculo, compartimento fechado destinado ao motorista e aos passageiros.
“Dos requisitos exigidos pela regulamentação brasileira e também pelas regulamentações globais, para citar os mais relevantes, o Citroën Basalt conta com estrutura robusta, carroceria com aço de alta e ultra resistência, arquitetura com máxima proteção contra choques, testes de colisão aptos e segurança passiva sólida”, pontua.
A tabela final com o desempenho de cada categoria do Latin NCAP ficou da seguinte forma:
CATEGORIA – DESEMPENHO – PONTUAÇÃO MÁXIMA – PORCENTAGEM
Proteção adulto – 15,75 – 40 – 39%
Proteção criança – 28,59 – 49 – 58%
Proteção pedestres – 25,62 – 48 – 53%
Sistemas de assistência – 15 – 43 – 35%
Os relatórios completos, com tabelas de avaliação de cada equipamento, podem ser encontrados no site do Latin NCAP.