RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) pediu nova reunião com a Petrobras para debater pendências no plano de emergência da Petrobras para o primeiro poço em águas profundas na bacia da Foz do Amazonas.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que a empresa foi pega de surpresa e que teme que a demora leve à perda da sonda de perfuração ODN-2, contratada para esse poço, cujo contrato vence no próximo dia 21.

A reunião foi agendada pelo Ibama para esta quinta-feira (16). A área técnica do órgão ambiental questiona ajustes feitos pela estatal após o simulado de perfuração do poço, que ocorreu no fim de agosto, simulando um ataque hacker à sonda.

Em nota técnica publicada nesta segunda (13), o Ibama vê ainda lacunas no plano e proteção à fauna e no esquema de comunicação sobre possível chegada do petróleo a países vizinhos em caso de vazamento. Questiona ainda tempos de resposta das embarcações posicionadas para atender a emergências.

Em ofício à Petrobras, a agenda da reunião afirma ser necessário “esclarecer os pontos de atenção elencados no referido parecer técnico a fim de saná-los como o intuito de possibilitar o andamento das etapas finais para emissão da licença para o empreendimento”.

Em evento no Rio de Janeiro nesta terça (14), Magda disse que a estatal vai esclarecer os pontos e tem esperança de sair da reunião já com a licença para o poço. Ela demonstrou preocupação com os prazos, dizendo que o vencimento do contrato da sonda pode gerar dificuldades adicionais.

A estatal diz que a sonda pode ter que ser substituída por uma nova. No limite, a troca poderia demandar um novo simulado de perfuração. Fundeada no local do poço, a cerca de 175 quilômetros do litoral do Amapá, a sonda ODN-2 custa à estatal US$ 4,2 milhões.

No evento do Rio, Magda disse que “o Ibama não é tão ruim” e que tem que lidar com diversos setores sem ter estrutura adequada. “O Ibama trata de petróleo, de energia elétrica, de formiga, de perereca”, enumerou.

Ela voltou a defender a abertura de novas fronteiras exploratórias como fundamental para garantir desenvolvimento econômico no país. A Foz do Amazonas, repetiu discurso de políticos, pode melhorar a qualidade de vida dos habitantes do Amapá.

Afirmou que a COP30, a conferência da Organização das Nações Unidas sobre o clima, que será realizada em novembro em Belém, vai mostrar ao mundo como a região Norte precisa de desenvolvimento.

“Sou de um tempo em que o governo federal chamava a Petrobras e dizia: ‘ocupe a Amazônia a qualquer custo””, afirmou. “Sabe por quê? Porque lá só tinha roubo de madeira, atividade ilegal, tráfico de drogas, exploração sexual de crianças e adolescentes.”

Em defesa do petróleo, questionou a capacidade de energias renováveis para fornecer a energia adicional para o país no futuro e a segurança de veículos elétricos, segundo ela, com alto risco de incêndios em baterias.

“Eu moro na divisa do Jardim Botânico com a Lagoa [bairros nobres da zona sul do Rio] e meu carro fica no subsolo”, disse. “Eu fico imaginando um carro elétrico pegar fogo do lado do meu. Essa é uma questão que a gente tem que tratar.”