SÃO PAULO E RIBEIRÃO PRETO, None (FOLHAPRESS) – Um incêndio em reator do sistema de transmissão da subestação de Bateias, no município de Campo Largo (PR), à 0h32 desta terça (14), desligou toda a instalação, provocando apagões em vários estados do país, em todas as regiões.

De acordo com o ONS (Operador Nacional do Sistema), os principais estados afetados foram São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. Mas houve falta de energia também na Bahia, no Ceará, no Piauí, em Alagoas, no Rio Grande do Norte, no Amazonas, no Pará, no Amapá, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, em Mato Grosso do Sul, em Goiás, em Tocantins, em Rondônia e no Distrito Federal.

Em São Paulo, o apagão afetou 937 mil clientes da Enel.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, o retorno dos equipamentos e a recomposição das cargas se deu de maneira controlada e o sistema voltou ao normal até a 1h30 nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste e por volta das 2h30 na região Sul.

O complexo de Bateias, na área de Copel, tem mais de um pátio, com proprietários diferentes. Em nota, a Copel informou que o incêndio ocorreu no reator de uma linha de transmissão de propriedade de Furnas e operado por ela, no sistema Eletrobras, e levou ao desligamento de toda a operação no local. O fogo foi controlado pelos bombeiros ainda na madrugada. Segundo a empresa, nenhum equipamento da Copel nem de nenhuma outra empresa que fica instalada na subestação foi danificado.

Também em nota, a Eletrobras disse que as causas do incêndio estão sendo investigadas.

O diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, disse à reportagem que a agência vai instalar procedimento para detalhar o que provocou o incêndio. Ele reforçou que as interrupções fazem parte do sistema de proteção, e as quedas de energia indicam que ele funcionou.

Naquele momento, uma boa parte do abastecimento do Brasil era feito pela região Sul. O incêndio e a subsequente interrupção de energia acionou esse sistema de proteção, que faz cortes pré-estabelecidos. Ocorreu um corte de cerca de 10 GW (gigawatts).

Bateias é um ponto estratégico de conexão. Recebe energia em alta tensão e converte para ser utilizada na distribuição. Faz a conexão de várias linhas de transmissão com outras subestações, assegurando o fluxo de energia para todo o sistema elétrico da região sul do Paraná. Também serve como ponto de segurança operacional. Em caso de falhas em outras rotas, a energia pode ser redirecionada por meio dela, evitando apagões e garantindo continuidade do abastecimento.

Em entrevista, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o apagão aconteceu por problemas na infraestrutura elétrica e não por falta de energia. “Quando se fala sobre apagão, a gente lembra aqueles tristes episódios de 2001 e 2021, que aconteceram por falta de energia e planejamento”, afirmou ao programa Bom dia, Ministro, do CanalGov. “Hoje temos muita energia.”

Está programada para as 11h desta terça reunião preliminar com os principais agentes envolvidos para identificar as causas; o ONS deve divulgar informações sobre o problema até sexta (17).

Por enquanto, sabe-se que, com a interrupção do fornecimento de energia, o subsistema Sul ficou com excesso de geração de energia e o restante do país com falta, o que provocou o acionamento do Erac (Esquema Regional de Alívio de Carga), sistema de proteção do ONS que visa restabelecer o equilíbrio entre a carga e a geração do sistema após a ocorrência de contingências severas.

O ONS informou que na região Sul houve perda de cerca 1.600 MW (megawatts) de carga, enquanto no Nordeste a interrupção foi de 1.900 MW, no Norte, de 1.600 MW e no Sudeste, de 4.800 MW. Para fins de comparação, a usina de Itaipu tem capacidade de gerar 14.000 MW, ainda que não explore sua potência máxima de forma contínua.

Assim que identificou a situação, o ONS iniciou ação conjunta com os agentes para restabelecer a energia nas regiões. O retorno dos equipamentos e a recomposição das cargas se deu de maneira segura, logo nos primeiros minutos, sendo que em até 1h30min todas as cargas das Regiões Norte, Nordeste, Sudeste/Centro – Oeste foram restabelecidas. As cargas da Região Sul foram recompostas totalmente por volta de 2h30min após a ocorrência.

De acordo com a Enel, em oito minutos, por volta das 0h40, os 937 mil clientes afetados em São Paulo tiveram o serviço normalizado.

No Rio de Janeiro, a situação impactou pelos menos 727 mil clientes da Light e da Enel.

A Light confirmou a interrupção de 11 subestações na madrugada, o que deixou 450 mil imóveis sem energia em parte da Baixada Fluminense e das zonas norte e oeste da capital. A empresa também informou que o apagão foi causado pela atuação do Erac. O fornecimento voltou ao normal à 1h05, segundo a companhia.

A Enel, por sua vez, disse que 277 mil clientes foram impactados no Rio de Janeiro —a empresa não detalhou em quais regiões. O fornecimento foi normalizado à 1h22, segundo a companhia.

Em nota, a Amazonas Energia informou que às 23h32 de segunda-feira (13) ocorreu uma “perturbação no SIN”, interrompendo o fornecimento de energia em bairros de Manaus, Parintins e Itacoatiara.

Pouco depois da meia-noite houve a autorização do SIN para início do processo de normalização do sistema.

No Rio Grande do Norte, 26% dos clientes foram afetados, segundo a Neoenergia Cosern, e o restabelecimento do fornecimento de energia foi retomado de forma gradativa e foi concluído à 1h desta terça-feira. Conforme a empresa, em cerca de quatro minutos o serviço começou a ser restabelecido.

A Equatorial, por sua vez, informou que por volta de 0h30 teve início a interrupção no fornecimento de energia incluindo suas distribuidoras no Maranhão, Pará, Piauí, Alagoas, Goiás, Amapá e Rio Grande do Sul. “A recomposição da carga foi coordenada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico e o restabelecimento total da energia nos estados afetados ocorreu por volta de 1h30”, informou a empresa.