Da Redação
O mês do Outubro Rosa marcou um avanço histórico no tratamento do câncer de mama no Brasil. O país recebeu o primeiro lote do Trastuzumabe Entansina, medicamento de última geração recém-incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e voltado para o combate ao tipo HER2-positivo, uma das formas mais agressivas da doença.
As 11.978 unidades do remédio — 6.206 frascos de 100 mg e 5.772 de 160 mg — chegaram nesta segunda-feira (13) e serão distribuídas às secretarias estaduais de saúde, responsáveis por atender pacientes em todo o território nacional.
De acordo com o Ministério da Saúde, serão entregues quatro lotes até junho de 2026, o suficiente para atender toda a demanda prevista para 2025, beneficiando 1.144 pacientes. O investimento total é de R$ 159,3 milhões para a compra de 34,4 mil frascos, com um acordo que reduziu em cerca de 50% o valor de mercado, gerando economia de R$ 165,8 milhões aos cofres públicos.
Os novos valores ficaram em R$ 3,5 mil para o frasco de 100 mg e R$ 5,6 mil para o de 160 mg — uma queda significativa em relação aos preços anteriores, de R$ 7,2 mil e R$ 11,6 mil, respectivamente.
Segundo o diretor do Departamento de Atenção ao Câncer do Ministério da Saúde, José Barreto, a chegada do medicamento representa um salto de qualidade no tratamento oncológico nacional:
“É um avanço gigantesco. Essa medicação pode reduzir em até 50% a mortalidade de mulheres com câncer de mama HER2-positivo. É uma vitória para a saúde pública e para o povo brasileiro.”
Nova esperança para pacientes pós-quimioterapia
O Trastuzumabe Entansina será indicado principalmente para mulheres que, mesmo após a quimioterapia inicial, ainda apresentam sinais da doença — geralmente em estágios avançados (como o estágio III). A terapia promete melhor controle do tumor e mais qualidade de vida, sendo aplicada conforme protocolos clínicos do SUS.
Além dessa inovação, o Ministério da Saúde também ampliará o acesso aos inibidores de ciclinas — abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe — usados no tratamento de câncer de mama avançado ou metastático com receptor hormonal positivo e HER2-negativo. A portaria que autoriza a compra descentralizada desses medicamentos deve ser publicada ainda neste mês, permitindo que estados e municípios façam aquisições diretas com recursos federais e entregas mais ágeis.
Mais acesso ao diagnóstico precoce
Outra medida recente amplia o alcance da mamografia pelo SUS, agora disponível para mulheres a partir dos 40 anos, mesmo sem sintomas ou histórico familiar. A mudança busca reforçar o diagnóstico precoce e facilitar o acesso à prevenção.
Em 2024, exames realizados em mulheres com menos de 50 anos já representaram 30% do total de mamografias feitas no SUS, ultrapassando 1 milhão de procedimentos.
Com avanços no diagnóstico e novos medicamentos no tratamento, o Brasil dá passos concretos rumo a uma política de combate ao câncer de mama mais acessível, moderna e eficaz.