SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dos dissidentes mais conhecidos de Cuba deixou a prisão para se exilar nesta segunda-feira (13), informou o Ministério das Relações Exteriores cubano, com destino aos EUA a pedido do governo de Donald Trump.

Um breve comunicado do ministério informou que José Daniel Ferrer Garcia, 54, e sua família deixaram o país caribenho. “A partida, com destino aos Estados Unidos, ocorre após um pedido formal do governo daquele país e a aceitação expressa de Ferrer Garcia”, afirmou.

Após pousar em Miami, Washington exigiu que Cuba libertasse mais de 700 outros presos políticos. “Continuarei a luta, mas não a farei sozinho. Tenho que trabalhar com toda a comunidade exilada”, disse Ferrer, líder da oposição cubana, em uma entrevista coletiva.

“Estou muito feliz e contente por estar com boa parte da minha família”, disse ele, e com “meus companheiros de luta e muitos amigos”. “Mas, por outro lado, é um momento muito difícil, difícil e triste, porque há outros irmãos e irmãs em Cuba sofrendo em condições terríveis nas piores prisões do Hemisfério Ocidental.”

O Secretário de Estado, Marco Rubio, comemorou sua chegada. “A liderança de Ferrer e sua incansável defesa do povo cubano constituíram uma ameaça ao regime, que o prendeu e torturou repetidamente. Estamos felizes que Ferrer esteja agora livre da opressão do regime”, disse em um comunicado.

“Pedimos a libertação imediata dos mais de 700 presos políticos injustamente detidos e instamos a comunidade internacional a se juntar a nós na responsabilização do regime cubano”, acrescentou Rubio, que é natural de Miami e filho de exilados cubanos.

O secretário havia exigido em julho que Havana provasse que Ferrer estava vivo. “O regime cubano continua torturando o ativista pró-democracia José Daniel Ferrer. Os Estados Unidos exigem uma prova imediata de vida e a liberdade de todos os presos políticos”, declarou Rubio à época.

Ferrer fundou um grupo de oposição chamado Unpacu (União Patriótica de Cuba), em 2011, estreitamente alinhado com os exilados de Miami.

Ele era o mais destacado de um grupo de prisioneiros libertados em janeiro deste ano, sob um acordo histórico firmado com Biden em troca da remoção de Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo por Washington. Mas ele foi enviado de volta à prisão em abril, depois que Trump colocou o país de volta na lista.

Ferrer entra e sai da prisão desde março de 2003, quando ele e outros 74 membros da oposição foram presos em um período de três dias conhecido como “Primavera Negra de Cuba”. Ele foi libertado em 2011, mas voltou à prisão em 2021 após uma repressão a raros protestos de rua antigovernamentais que abalaram as autoridades comunistas.

O ativista da oposição foi preso pela última vez em abril por violar os termos de sua liberdade condicional, apenas três meses após sua libertação, como parte de um acordo mediado pelo Vaticano.

Ferrer, que morava no leste de Santiago de Cuba, afirma ter sido preso injustamente pelas autoridades cubanas desde o início. Cuba historicamente acusa os EUA de financiar a dissidência de Ferrer em uma tentativa de derrubar o governo da ilha.