BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Após dois anos de cativeiro em poder do grupo terrorista Hamas, os 20 reféns israelenses ainda vivos foram libertados pela facção nesta segunda-feira (13). O grupo foi devolvido em duas etapas: 7 nas primeiras horas da manhã e um segundo grupo de 13 reféns transferido em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza.

Exultantes, as famílias reencontraram os retornados em uma base do Exército de Israel em Re’im, localidade próxima da fronteira com a Faixa de Gaza e uma das que foram atacadas pelo Hamas nos atentados terroristas de 7 de outubro de 2023. Vídeos dos reencontros foram divulgados pelos militares.

Da base, os israelenses foram levados a hospitais, onde puderam reencontrar amigos e familiares fora do núcleo mais próximo e fariam exames para iniciar o processo de reabilitação depois de 738 dias de cativeiro.

Milhares de pessoas se reuniram para celebrar a libertação em Jerusalém e lotaram a Praça dos Reféns, como ficou conhecido o local em Tel Aviv onde os familiares das vítimas fizeram manifestações criticando o governo de Binyamin Netanyahu e exigindo o retorno dos sequestrados durante os dois anos de conflito.

Familiares de Guy Gilboa-Dalal o receberam com camisetas em que se li “Guy está em casa, o coração está completo novamente”. Imagens publicadas nas redes sociais mostram o refém carregando sua irmã em momento de alegria no reencontro e abraçando sua família.

Avinatan Or se reencontrou com a namorada, Noa Argamani, que também foi sequestrada e libertada pelo Exército em junho de 2024. Um dos vários vídeos que ficaram famosos do ataque do Hamas há dois anos mostrava Avinatan e Noa sendo separados por terroristas e levados, enquanto Noa gritava pedindo para não ser morta.

A Conib (Confederação Israelita do Brasil) celebrou a libertação dos reféns. “Este é um dia de tremenda alegria, ansiado por judeus e amantes da paz no mundo todo. Que as cicatrizes dessa guerra trágica e a alegria deste dia feliz sejam catalisadores decisivos para um futuro de paz, segurança e prosperidade para todos os povos da região”, afirmou a entidade, em nota.

O Hamas também devolveu os corpos de 4 dos 28 reféns mortos durante o conflito: Bipin Joshi, Daniel Peretz, Yossi Sharabi and Guy Illouz.

Inicialmente, esperava-se que metade dos 28 corpos daqueles que morreram sob poder do Hamas no território palestino também seria devolvida nesta segunda, enquanto o restante seria entregue nas próximas etapas da trégua acordada na semana passada entre a facção e Israel.

O Fórum de Famílias dos Reféns publicou nota pedindo a suspensão do pacto enquanto todos os 28 corpos não sejam devolvidos pelo grupo terrorista. “A violação do Hamas dos termos do acordo exige uma resposta séria do governo e dos mediadores. Um acordo precisa ser honrado pelos dois lados”, disse a organização, o principal grupo da sociedade civil representando os familiares das vítimas.

O acordo de paz, baseado em um plano de 20 pontos proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previa ainda que Tel Aviv liberte 250 prisioneiros palestinos e 1.700 moradores de Gaza detidos desde o início do conflito. Ainda durante a manhã, Israel confirmou a libertação de 1.968 prisioneiros palestinos, que foram recebidos em Ramallah, na Cisjordânia, e outras partes do território ocupado por multidões em festa.

Trump desembarcou em Israel também no início desta segunda. Ele foi recebido em um tapete vermelho no aeroporto Ben Gurion pelo primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e pelo presidente Isaac Herzog.

Os últimos dias foram de celebração em Israel. No sábado, dezenas de milhares de israelenses, muitos com camisetas com imagens dos reféns, também se reuniram na Praça dos Reféns, diante de um telão que marcou os 735 dias desde os atentados do Hamas.

“Sinto uma emoção imensa, não tenho palavras para descrevê-la —para mim, para nós, para todo Israel, que quer que os reféns voltem para casa e espera ver todos regressarem”, disse à agência de notícias AFP, durante a manifestação, Einav Zangauker, mãe do refém Matan Zangauker, 25.

O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, o genro de Trump, Jared Kushner, além da filha do presidente Ivanka Trump, participaram do evento antes do retorno dos reféns. Eles foram aplaudidos ao falarem no palco, mas a menção ao nome de Netanyahu, provocava vaias.

Udi Goren, primo de um refém morto no dia 7 de outubro e levado para a Faixa de Gaza, disse à BBC Radio 4 no domingo que falou com Witkoff e que o enviado dos EUA compreendia a importância de resgatar os sequestrados, mas questiona o papel que Washington teve que desempenhar para que o retorno acontecesse.

“Por que ontem à noite havia três pessoas de alto escalão no governo Trump falando no palco da Praça dos Reféns em vez de alguém do governo israelense?”, afirmou ele.

O republicano passou no país por algumas horas antes de ir a Sharm el-Sheikh, no Egito, para presidir uma cúpula ao lado do ditador egípcio, Abdul Fatah Al-Sisi. Estiveram presentes também o secretário-geral da ONU, António Guterres; o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer; o presidente da França, Emmanuel Macron; o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez; a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni; e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, além de diversos outros líderes árabes, europeus e asiáticos.

O gabinete de Netanyahu anunciou que nenhuma autoridade israelense compareceria à reunião, assim como não o faria o Hamas. Apesar do aparente progresso nas negociações, os mediadores ainda enfrentam a difícil tarefa de garantir uma solução política de longo prazo que leve a facção a entregar suas armas.

Veja quem são os reféns libertados pelo Hamas nesta segunda-feira

Bar Kuperstein, 23

Evyatar David, 24

Yosef-Chaim Ohana, 25

Segev Kalfon, 27

Avinatan Or, 32

Elkana Bohbot, 36

Maksym Harkin, 37

Nimrod Cohen, 21

Matan Zangauker, 25

David Cunio, 35

Ariel Cunio, 28

Eitan Mor, 25

Matan Angrest, 22

Eitan Horn, 39

Gali Berman, 28

Ziv Berman, 28

Omri Miran, 47

Alon Ohel, 24

Guy Gilboa-Dalal, 24

Rom Braslavski, 21