SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O estado de São Paulo tem 28 casos confirmados de intoxicação por metanol, segundo balanço da

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo divulgado na tarde desta segunda-feira (13).

Até o momento, cinco pessoas tiveram a morte confirmada- três homens de 54, 46 e 45 anos, residentes da cidade de São Paulo, uma mulher de 30 anos, de São Bernardo do Campo (ABC paulista) e um homem de 23 anos, de Osasco, (Grande São Paulo). Três óbitos na capital paulista (33, 36 e 51 anos) foram descartados.

De acordo com a pasta, cem casos e três óbitos -um no município de São Paulo (de 50 anos) e dois em São Bernardo do Campo (49 e 58 anos)– permanecem em investigação.

No total, 246 casos foram descartados após análises clínicas e epidemiológicas, sendo 57 nesta segunda.

Entenda o passo a passo da análise laboratorial que confirma ou descarta intoxicação por metanol em SP

A checagem vai desde a coleta das amostras em unidades de saúde até a análise no Latof ( Laboratório de Toxicologia Analítica Forense) da USP ( Universidade de São Paulo), em Ribeirão Preto, no interior paulista.

Quando um paciente chega com sintomas compatíveis com intoxicação por metanol, os profissionais coletam amostras de sangue e urina. A ingestão de 10 ml da substância pode causar lesões no nervo óptico e, em doses iguais ou superiores a 30 ml, levar a óbito.

É essencial que a coleta ocorra rapidamente, já que o metanol tem uma meia-vida curta, de cerca de 24 horas, de acordo com o professor de química da USP Bruno de Martinis.

Uma vez coletadas, as amostras são enviadas para o laboratório da USP em Ribeirão Preto, onde passam pela cromatografia em fase gasosa. A técnica separa os compostos presentes no sangue, urina ou até fragmentos de tecidos.

O método utiliza um sistema conhecido como headspace, que analisa apenas a fase de vapor da amostra. Os resultados saem em até uma hora e com alta precisão.

O procedimento é detalhado: o material precisa ser colocado em pequenos frascos de vidro lacrados, que são aquecidos e agitados dentro do equipamento. Com o calor, os compostos voláteis, como o etanol e o metanol, passam para a fase de vapor, enquanto o restante do líquido ou tecido permanece no fundo do frasco.

Em seguida, o aparelho coleta automaticamente esse vapor e o injeta no sistema de análise, sem abrir o frasco. Isso evita contaminações e perdas, garantindo confiabilidade no resultado.

De acordo com Bruno, a equipe consegue identificar o metanol em concentrações bem menores do que o necessário para caracterizar a intoxicação. O limite de segurança é de 100 miligramas por litro -a nota técnica considera 200 miligramas por litro como ponto de risco.

A presença do etanol e de outros compostos também é detectada, o que permite diferenciar uma embriaguez comum de um quadro de envenenamento químico.

Os resultados laboratoriais estão entre os critérios que permitem confirmar, descartar ou manter sob investigação os casos notificados.

O socorro em até seis horas após o início dos sintomas é fundamental para evitar o agravamento e sequelas. Os serviços públicos quanto privados de saúde estão preparados para realizar o atendimento, que pode incluir a administração do antídoto, exames laboratoriais e avaliação oftalmológica.