ROMA, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) afirmou nesta segunda-feira (13), em Roma, que o Brasil não tem problema com Israel, mas sim com o premiê Binyamin Netanyahu.
Ao ser questionado se o acordo de paz em Gaza abriria espaço para o Brasil melhorar suas relações diplomáticas com Israel, o presidente afirmou que “o Brasil não tem problema com Israel”. “O Brasil tem problema com Netanyahu. A hora que Netanyahu não for mais governo, não haverá nenhum problema entre Brasil e Israel, que sempre tiveram uma relação muito boa”, declarou.
“Nós sabemos que o povo judeu não concordava em muita parte com aquela guerra. Eu estou feliz porque, veja, eu não sei se é definitivo ou não, mas eu estou feliz porque é um começo muito promissor”, declarou o presidente sobre o andamento do processo de paz, que nesta segunda teve um avanço importante com a libertação dos reféns pelo grupo terrorista Hamas e, em contrapartida, a soltura de quase 2.000 prisioneiros palestinos por Israel.
“O fato de o presidente Trump ter ido a Israel, ter ido ao Parlamento e ter falado, é um sinal muito importante. E agora vai ter reunião no Egito com os países da Europa. Eu acho importante. Eu espero que aqueles que ajudaram Israel na sua posição de virulência agora ajudem a ter uma paz definitiva”, afirmou Lula.
Brasil e Israel vivem uma crise diplomática sem precedentes, e o governo Lula se firmou como uma das vozes mais críticas à campanha militar israelense em Gaza. Desde o ano passado, após uma série de rusgas, o Brasil não tem embaixador em Israel, assim como o país do Oriente Médio está sem representante de alto nível em Brasília.
As declarações ocorreram após discurso do presidente na abertura do Fórum Mundial da Alimentação, na capital italiana. Em sua fala, Lula disse que “a fome é irmã da guerra, seja ela travada com armas e bombas ou com tarifas e subsídios”. “Conflitos armados, além do sofrimento humano e da destruição da infraestrutura, desorganizam cadeia de insumos e de alimentos”, declarou. “Da tragédia em Gaza à paralisia da Organização Mundial do Comércio, a fome tornou-se sintoma d o abandono das regras e das instituições multilaterais.”
O evento acontece até sexta (17) na sede da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). Lula foi o terceiro a falar, após o diretor-geral da entidade, Qu Dongyu, e o rei do Lesotho, Letsie 3o. Entre as autoridades presentes no plenário, o chefe de governo de Bangladesh, Muhammad Yunus, com quem Lula teria uma bilateral em seguida.
O principal dia do fórum será na quinta (16), quando estarão presentes o papa Leão 14 e as principais autoridades italianas, o presidente Sergio Mattarella e a primeira-ministra Giorgia Meloni. A cerimônia é marcada pela comemoração dos 80 anos da FAO.
Antes, o presidente participou de reunião sobre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa do Brasil lançada no G20 do Rio, no ano passado. O encontro foi liderado pelo Brasil pela Espanha.
No fim de julho, a FAO anunciou que o Brasil saiu do Mapa da Fome, por ter menos de 2,5% da população em risco de subnutrição ou sem acesso à alimentação suficiente no triênio de 2022 a 2024. O país havia voltado para o Mapa da Fome pelos resultados entre 2019 a 2021.
Pela manhã, Lula foi recebido pelo papa Leão 14, no Palácio Apostólico, no Vaticano. Foi o primeiro encontro entre os dois desde que o americano Robert Prevost foi eleito, em maio.
Na breve reunião, de menos de meia hora, Lula convidou o papa para a COP30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas), que acontece em novembro em Belém. O papa respondeu que não poderá participar devido aos compromissos com o Jubileu, mas garantiu a representação do Vaticano em Belém.
Lula viaja acompanhando da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, e dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Wellington Dias ( Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar).
Não há previsão de encontros entre o presidente e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que deverá participar, no Egito, da reunião de líderes sobre o acordo de paz entre Hamas e Israel. O petista voltará nesta tarde ao Brasil.