SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou juntamente com Egito, Qatar e Turquia um acordo de cessar-fogo em Gaza. O encontro entre os líderes ocorreu durante uma cúpula em Sharm el-Sheikh, no Egito, nesta segunda (13), para discutir os próximos passos na resolução do conflito.
O evento reuniu governantes europeus e árabes. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, recusou o convite e ficou de fora. O conteúdo do documento ainda não foi divulgado, mas os países se colocam como garantidores do plano de paz.
Após a assinatura, o ditador egípcio, Abdel Fatah Al-Sisi, reiterou o compromisso com a solução de dois Estados e disse que o acordo encerrará um “capítulo doloroso na história humana”. Ele também anunciou que dará a Trump o Colar do Nilo, a mais alta honraria concedida no Egito.
A cúpula ocorre horas depois que 20 reféns vivos dos ataques terroristas do Hamas foram libertados e que Tel Aviv soltou quase 2.000 palestinos presos desde o início da guerra.
Antes de chegar ao Egito, Trump foi a Israel, onde discursou no Parlamento e foi ovacionado. Em seguida, por volta das 10h30 de Brasília, embarcou rumo ao país árabe. Ele foi recebido por Sisi.
Os dois presidiram a cúpula desta segunda. Antes de dar início às tratativas, Trump afirmou que quer o líder egípcio como participante de um conselho para governar Gaza. O americano agradeceu a Sisi por ter desempenhado um papel “muito importante” no acordo de cessar-fogo.
Já o ditador elogiou a atuação do republicano: “Sempre estive muito confiante de que o senhor, apenas o senhor, seria capaz de alcançar essa conquista e encerrar a guerra”, disse. As tratativas e elogios à conduta do americano ocorrem após a campanha de Trump para ganhar o Prêmio Nobel da Paz fracassar a escolhida foi María Corina Machado, líder da oposição venezuelana.
A cúpula desta segunda reuniu líderes europeus como o primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, o do Reino Unido, Keir Starmer, e o presidente da França, Emmanuel Macron, além do secretário-geral da ONU, António Guterres. Entre os chefes de Estado da região destacavam-se o emir do Qatar, Sheikh Tamim bin Hamad al-Thani, e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Ambos os países ajudaram a intermediar o cessar-fogo entre Israel e Hamas que entrou em vigor na manhã da última sexta-feira (10).
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, compareceu como parte de um esforço dos líderes regionais para promover a participação da entidade na estabilização de Gaza. Um Trump sorridente cumprimentou o líder da entidade, que governa parcialmente a Cisjordânia ocupada, com um aperto de mão. Os dois posaram para uma foto.
No mês passado, o líder americano barrou a presença de Abbas na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, obrigando o palestino a discursar por videoconferência.
O acordo de paz é baseado em um plano de 20 pontos proposto por Trump. Com a libertação dos reféns e dos prisioneiros, a cúpula discutirá as próximas fases do acordo. Os mediadores ainda enfrentam a difícil tarefa de garantir uma solução política de longo prazo e precisam definir algumas questões delicadas que levaram ao fracasso de tentativas de paz anteriores.
O Egito, por exemplo, tem um papel chave pois o plano do republicano prevê a reabertura da fronteira de Gaza com o país para a entrada de ajuda humanitária e a saída de civis. Reuniões blaterais com países do Golfo, que devem liderar o financiamento da reconstrução do território palestino devastado pela guerra, também estão previstas. No encontro, Trump afirmou que o processo de refazer a estrutura de Gaza precisa ser desmilitarizado.
Um dos principais impasses ao longo dos dois anos de guerra na Faixa de Gaza foi em relação ao desarmamento do Hamas. Netanyahu sempre afirmou que o objetivo do conflito era aniquilar o grupo terrorista, que por sua vez nega entregar as armas sem a criação de um Estado palestino.
Outra questão ainda em aberto é a governança de Gaza a proposta de Trump é estabelecer uma autoridade de transição liderada por ele mesmo.