Da Redação
O setor avícola brasileiro atravessa um momento de forte valorização. O preço do frango — tanto vivo quanto processado — segue em alta nas principais regiões produtoras do país, sustentado por uma demanda doméstica aquecida, estoques equilibrados e expectativas de retomada das exportações para a China.
De acordo com dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o frango congelado subiu 1,36%, passando de R$ 8,09 para R$ 8,20 o quilo, enquanto o frango resfriado avançou 1,48%, chegando a R$ 8,23/kg. No atacado paulista, os preços variaram entre R$ 7,65 e R$ 7,80, com ganho de quase 2%. Nas granjas, o valor médio permanece em R$ 6,40/kg, sinalizando estabilidade.
O desempenho também se repete nos estados do Sul. No Paraná, o frango vivo registrou alta de 3,8%, atingindo R$ 5,16/kg. Em Santa Catarina, os preços ficaram estáveis em R$ 4,69/kg. Já em Goiás e São Paulo, o valor do frango vivo segue em torno de R$ 5,50/kg, com leves ajustes positivos em cortes como peito e coxa.
Oferta controlada e custos ainda elevados
A elevação das cotações ocorre em um ambiente de oferta ajustada à demanda, o que tem garantido rentabilidade aos produtores. Mesmo assim, os custos de produção seguem altos — principalmente pela alimentação das aves, que representa a maior fatia do investimento. No Paraná, o custo médio é de R$ 4,28/kg, segundo levantamento recente.
Analistas indicam que a combinação de estoques controlados e pagamento de salários no início do mês reforçou o consumo interno, especialmente no varejo e atacado, sustentando o ciclo de valorização.
China reacende expectativas no comércio exterior
O otimismo com o mercado externo também ajuda a impulsionar os preços. A visita de uma delegação chinesa ao Brasil reacendeu as expectativas de reabertura total das importações de carne de frango pelo país asiático — um dos principais destinos do produto brasileiro.
As exportações de setembro já mostraram reação, com aumento nos embarques em comparação a julho e agosto. A retomada das vendas para a União Europeia, interrompidas por restrições sanitárias, também contribuiu para o bom desempenho. Em São Paulo, o peito congelado subiu cerca de 7%, chegando a R$ 10,43/kg.
Goiás, força do Centro-Oeste na avicultura
Quarto maior produtor de frango do país, Goiás mantém posição estratégica no setor. O estado se destaca pelo equilíbrio entre produção interna e exportações, com preço médio de R$ 7,30/kg no mercado externo.
Apesar do cenário positivo, o setor goiano ainda enfrenta oscilações de preço e riscos sanitários — fatores que exigem vigilância constante. No primeiro semestre, o valor do frango vivo chegou a cair para R$ 5,50/kg, refletindo a redução temporária de embarques e o temor de casos de gripe aviária.
Desafios e perspectivas
O setor ainda precisa lidar com desafios como a volatilidade do câmbio, o custo dos insumos, e a manutenção das normas sanitárias internacionais. Mesmo assim, analistas avaliam que, se a demanda doméstica permanecer firme e as exportações para China e Europa se consolidarem, os preços devem seguir em alta até o fim do ano.
Com o frango de volta ao centro das atenções do agronegócio, o Brasil reforça sua posição como um dos maiores exportadores de proteína animal do mundo — e Goiás, com sua força produtiva, segue como um dos principais termômetros dessa retomada.