Da Redação

Pela primeira vez desde o início do cessar-fogo firmado entre Israel e Hamas, 20 reféns israelenses capturados durante o ataque de 7 de outubro de 2023 foram libertados na manhã desta segunda-feira (madrugada no horário de Brasília). A entrega foi feita de forma discreta à Cruz Vermelha, responsável por intermediar o retorno das vítimas ao Exército de Israel.

Entre os primeiros libertados estão Eitan Mor, os gêmeos Gali e Ziv Berman, Matan Angrest, Guy Guilboa-Dalal, Alon Ohel e Omri Meiran. Outros 13 reféns devem ser entregues ainda hoje, de acordo com autoridades israelenses. Após o resgate, todos passarão por exames médicos em uma base militar no sul de Israel e seguirão para hospitais na região de Tel Aviv, onde reencontrarão suas famílias.

Segundo a Cruz Vermelha, as vítimas apresentavam estado de saúde “razoável”, mesmo após quase dois anos em cativeiro, período em que permaneceram em túneis subterrâneos em Gaza.

O embaixador norte-americano Mike Huckabee acompanhou o momento e classificou o episódio como “histórico”:

“É surreal estar aqui enquanto o primeiro grupo de reféns é libertado. É um momento que será lembrado como o pouso na Lua”, escreveu nas redes sociais.

A libertação integra a primeira etapa de um acordo mais amplo, que prevê a soltura de 250 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua e de 1.700 detidos durante o conflito. A devolução dos corpos de reféns mortos também foi incluída no pacto, embora o Hamas admita não saber a localização de todos os 28 falecidos.

Enquanto isso, Tel Aviv amanheceu em vigília. Milhares de pessoas se concentraram na Praça dos Reféns, onde o movimento Bring Them Home Now transmitiu em tempo real as notícias sobre a libertação.

O acordo, mediado por Egito, Catar e Estados Unidos, também prevê a retirada gradual das tropas israelenses de Gaza e a ampliação da ajuda humanitária, com até 600 caminhões diários levando alimentos, combustível e medicamentos sob coordenação da ONU.

O coordenador humanitário das Nações Unidas, Tom Fletcher, afirmou que o envio de suprimentos está “bem encaminhado”, com prioridade para gestantes e crianças.

Apesar do avanço, há divergências sobre o fim do conflito. O presidente norte-americano Donald Trump declarou que “a guerra acabou”, enquanto o premiê israelense Benjamin Netanyahu foi cauteloso:

“Onde lutamos, vencemos. Mas a campanha ainda não terminou. Temos desafios de segurança pela frente.”

A libertação dos reféns reacende a esperança de um desfecho pacífico — mas também evidencia que, após um ano de guerra, as feridas entre israelenses e palestinos ainda estão longe de cicatrizar.