SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Os senhores têm que se unir para preservar a amazônia”. O recado simples, claro e direto é de Mariana, 12 anos. A mensagem da jovem de Minas Gerais será entregue aos negociadores que participarem da pré-COP30, que ocorre nesta segunda (13) e na terça-feira (14) em Brasília.

O evento, a menos de um mês da cúpula climática da ONU (Organização das Nações Unidas) em Belém, reúne representantes de diversos países para alinhar pautas e facilitar decisões na conferência de 10 a 21 de novembro no Pará.

A frase da mineira compõe um grupo de cartas escritas ou desenhadas por crianças e adolescentes brasileiros de dez estados e do Distrito Federal. Ao todo, 1.300 mensagens serão compartilhadas com os ministros, observadores e representantes do países presentes no evento.

Nas cartas, as crianças falam sobre os impactos das mudanças climáticas em suas comunidades, sobre a relação delas com a natureza e fazem pedidos diretos aos líderes globais.

A iniciativa foi elaborada pela ONG Alana e pelo Unicef, fundo das Nações Unidas para a infância, em parceria com a presidência da COP30. Segundo os organizadores, as mensagens foram reunidas com o apoio de membros da sociedade civil, como coletivos e escolas.

“O racismo ambiental é uma barreira para a construção de um futuro climático mais justo e sustentável para todos”, diz Sara, 15 anos, da Paraíba, em uma das mensagens.

A ideia incentiva a participação e o interesse dos jovens em temas ambientais e busca sensibilizar os tomadores de decisão sobre os efeitos de eventos climáticos extremos tanto no cotidiano das pessoas mais vulneráveis quanto na vida futura dessas gerações.

“O Brasil é um dos países mais vulneráveis frente às mudanças climáticas, a tendência é entrar em completo colapso. Amar é conservar”, escreveu Gustavo, 16, do Pará.

Outro paraense, Cauã, 15, disse em sua carta esperar que “vocês líderes que vieram ao Brasil escutem a voz de todos os adolescentes”.

Além das mensagens das crianças, os negociadores também receberão uma carta do presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago.

O evento preparatório que ocorre em Brasília conta com a participação de diplomatas e é visto como de fundamental importância para a agenda oficial, que começa na capital paraense no dia 10 de novembro.

Essas reuniões vão ocorrer na capital federal por causa do Círio de Nazaré, em curso em Belém. O Círio é uma das mais tradicionais festas católicas do Brasil e atrai fiéis de todo país.

A proximidade de data tornaria a logística inconciliável. Em 2024, mais de 2 milhões estiveram na festa religiosa, segundo o Governo do Pará.

Para a pré-COP, são esperadas até mil pessoas. Nos eventos preparatórios, não costumam comparecer chefes de Estado e de governo, e a presença do setor privado e da sociedade civil é muito menor.

“As crianças e adolescentes, que viverão por mais tempo as consequências das decisões que tomarmos aqui e em Belém, são parte das respostas. Por isso, cabe a nós, líderes globais, honrarmos essa confiança e garantir a esperança climática para as próximas gerações”, escreveu o embaixador André Corrêa do Lago na sua carta que será entregue aos negociadores.