SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A chance de um novo episódio de trombose venosa profunda ao longo da vida é de até 50%. Em cinco anos, a probabilidade cai para 26%. O alerta é de Rafael de Athayde, membro da Comissão de Tromboembolismo Venoso da SBACV-SP (Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular Regional São Paulo).
Nesta segunda-feira (13), Dia Mundial da Trombose, o alerta ganha ainda mais relevância, e reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
A TVP (trombose venosa profunda) ocorre quando um coágulo (trombo) obstrui uma veia profunda e impede ou dificulta parcialmente a passagem de sangue na região. Há risco de o trombo se deslocar, chegar ao pulmão e obstruir uma artéria na região (embolia pulmonar). A condição é grave e pode levar à morte.
Segundo Rafael, a repetição do episódio é possível em algumas pessoas devido à exposição a fatores que mantêm o sangue mais propenso a coagular.
É o caso de pacientes com câncer ativo, doenças hematológicas como a síndrome antifosfolípide (provoca a produção de anticorpos contra proteínas do próprio corpo, levando a um risco aumentado de formação de coágulos), trombofilias hereditárias, obesidade, imobilização frequente ou uso contínuo de hormônios.
Além disso, quando a primeira trombose acontece sem uma causa aparente, a probabilidade de recorrência é mais alta.
A retrombose pode ocorrer no mesmo segmento venoso ou não. “Por exemplo, o paciente teve uma trombose na perna esquerda e dois, três anos após o tratamento tem na direita”.
Alguns exames podem ser úteis para avaliar quem pode sofrer uma recorrência. O D-dímero, marcador biológico que indica alterações no processo de coagulação, por exemplo, pode ajudar a prever a chance de novos episódios após a suspensão do tratamento.
Testes genéticos e de trombofilias também são indicados em situações específicas, como pacientes jovens, casos familiares ou tromboses em locais incomuns.
A conduta preventiva é sempre individualizada. Ele leva em conta a causa da primeira trombose, a presença de elementos persistentes e o perigo de sangramento. Em alguns casos, é necessário manter anticoagulantes por longos períodos.
FATORES DE RISCO E PREVENÇÃO
Os principais fatores de risco são sedentarismo, tabagismo, sobrepeso e obesidade. Mulheres que fazem uso de contraceptivos ou de hormônios devem ter cuidado e consultar o médico. O mesmo vale para quem tem histórico de trombose espontânea (sem causa aparente) e pacientes com câncer. Em viagens longas, caminhe durante o voo, se hidrate e use meias elásticas. Consulte um cirurgião vascular para orientação.
Não consuma frituras, carboidratos, refinados e demais alimentos inflamatórios. Dê preferência aos antioxidantes e às carnes magras.
O excesso de varizes ou quando elas estão muito dilatadas apontam risco para trombose. É indicativo de insuficiência venosa. O sangue não circula de forma adequada, o que propicia a formação de coágulo. Neste caso, é importante consultar um cirurgião vascular, que verificará a necessidade de intervenção ou tratamento.
Em gestantes, puérperas e pessoas com mais de 50 anos a predisposição para desenvolver o problema também é maior.
O frio é um facilitador para o problema, de acordo com Rafael. “A incidência de trombose é maior em regiões de clima frio. É um mecanismo fisiológico. No frio, o sangue tende a ficar um pouco mais estagnado e acontece uma vasoconstrição, quando as veias, as artérias se contraem”, explica.
BENEFÍCIOS DO SALTO
Usar calçados de salto médio e confortáveis pode auxiliar na prevenção da trombose. “A mulher com salto médio tem uma contração maior da panturrilha, o que favorece o retorno venoso. Rasteirinhas são ruins para a circulação. Não vamos dizer que aumenta a incidência de trombose, mas podem propiciar o desenvolvimento de varizes nas pernas”, diz o médico.
Por fim, preste atenção aos sintomas: dor súbita, inchaço, calor e vermelhidão na perna, geralmente na panturrilha. “Procure o serviço médico o quanto antes, porque a trombose pode se desenvolver silenciosamente. Quadro pulmonar, como dor torácica súbita, merece atenção”, alerta o médico.
“Quem faz muita atividade física corredor, por exemplo, sofre lesão muscular durante a prática. Esse é um quadro que às vezes o paciente tem o inchaço na perna e acha que está com trombose, mas na maioria dos casos é uma ruptura muscular.
Por outro lado, é um fator que tem que ficar de olho. O paciente que faz atividade física muito intensa e incha a perna deve procurar atendimento médico, principalmente se for na região da batata da perna”, finaliza.