RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Os valores dos ingressos divulgados pelo Flamengo para a semifinal da Libertadores, contra o Racing (ARG), no próximo dia 22, no Maracanã, têm gerado reclamações dos torcedores. O preço cheio mais barato é de R$ 350 e o mais caro R$ 2 mil, mas assim como aconteceu em outras ocasiões da temporada em que houve protestos, a diretoria segue convicta de que tomou a melhor decisão.

O presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista justificou os preços classificando as semifinais da Libertadores como a “final comercial” da competição. Isso porque, segundo ele, toda a renda da decisão —que ocorre em jogo único— fica para a Conmebol. Este ano ela será novamente em Lima, no Peru, dia 29 de novembro.

O preço dos ingressos depende do momento e das circunstâncias. O primeiro jogo do campeonato vai ser sempre o mais barato. Na Libertadores, o último jogo é todo da Conmebol. Então, a final, do ponto de vista comercial, é a semifinal.

“Se você coloca o preço barato, os ingressos acabam em duas horas e todo mundo diz que você é sacana. Se coloca muito caro, você tem reclamações. O Flamengo tem tido público recorde em todos os jogos. Estamos respeitando as prioridades dos sócios-torcedores. As vendas já abriram e está vendendo demais”, afirmou Bap, presidente do Flamengo, no III Fórum Rio Empreendedor.

VALORES INFLACIONADOS

Considerando somente o preço cheio, o jogo contra o Racing está com os seguintes valores: Sul (R$ 350), Norte (R$ 400), Leste Superior (R$ 450), Leste Inferior (R$ 500), Oeste (R$ 600) e Maracanã Mais (R$ 2 mil). Todos os setores, porém, oferecem descontos para sócios-torcedores e meia-entrada, além de uma cota para gratuidades.

Se comparado com os anos mais recentes onde o Flamengo chegou às semifinais da Libertadores, houve um aumento significativo. Em 2019, por exemplo, contra o Grêmio, o setor mais barato saía a R$ 140 e o mais caro a R$ 1,2 mil. Já em 2022, contra o Vélez Sarsfield (ARG), o mais em conta custou R$ 160 e o mais “salgado” saiu a R$ 1,6 mil.

R$ 80 É BARATO

A insatisfação da torcida rubro-negra com o preço dos ingressos na temporada gerou até mesmo um boicote das organizadas, no Campeonato Carioca, que não compareceram ao jogo contra o Maricá, em fevereiro.

Outras manifestações aconteceram ao longo do ano, como um boneco de Judas de Bap, antes do clássico contra o Vasco, e a frase: “Bap, inimigo do torcedor”.

Contra o Juventude, no início do Brasileiro, o dirigente foi xingado e ouviu cantos de “baixa o ingresso”. Além disso, uma faixa foi estendida com a frase: “ingresso caro, arquibancada vazia”. Naquele dia, apenas 28.931 pessoas pagaram ingresso, um público bem abaixo do padrão rubro-negro.

Porém, conforme o ano foi avançando, recordes de público foram quebrados. O empate por 0 a 0 contra o Cruzeiro, por exemplo, no último dia 2, registrou o maior público de jogos entre clubes do novo Maracanã (reinaugurado em 2013) com 67,8 mil pagantes e 72,5 mil presentes, o que gerou uma renda de R$ 5,8 milhões.

Apesar de toda a queixa e de argumentos de “elitização” da torcida do Flamengo, Bap acredita que a estratégia tem sido bem feita.

“Ninguém quer pagar mais, eu entendo, mas são escolhas. Cabem 70 mil no Maracanã. A gente tem lotado a casa. Na segunda rodada, quando você não sabe se seu clube vai longe, R$ 80 é caro. Agora, na rodada 27, R$ 80 é barato para ver o Mengão tratorar e virar o líder do campeonato de novo e se encaminhar para ganhar a p…. toda (risos)”, disse Bap.

“Muitas vezes você marca preço em cima de variáveis. Você acerta e você erra. Mas duvido que alguém tenha acertado mais do que o Flamengo nesse ano. É só olhar o público médio pagante, presente e o atendimento aos sócios-torcedores. Estou satisfeito com o processo.”