SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A paraense Domithila Cattete tinha 19 anos quando foi escalada para estrelar “Pssica” (Netflix). Foi seu primeiro trabalho nas telas, e logo com um papel de peso, sob a direção de Quico e Fernando Meirelles.
Na série, ela vive a adolescente Janalice, que acaba vítima de tráfico sexual após ter um vídeo íntimo vazado na escola. No Pará, “pssica” é uma gíria que significa azar ou maldição.
Disponibilizada nos 192 países cobertos pela Netflix, a série tem recebido boas críticas e a atriz vem sentindo esse retorno positivo. “Tenho recebido feedbacks em todas as línguas. Os fãs comentam nas minhas redes sociais em turco, coreano, espanhol, até no alfabeto mandarim”, conta ela.
Há dois meses, Domithila, agora com 21 anos recém-completos, se mudou de Belém para o Rio de Janeiro em busca de novas oportunidades de trabalho.
“Foi uma grande honra ter trabalhado com uma equipe tão respeitada e admirada no Brasil”, diz ela, que antes da série, tinha feito apenas publicidade. “Mas isso não anula que eu continue me esforçando e estudando. Venho fazendo cursos, experimentando diferentes métodos de atuação para me sentir mais preparada para as próximas oportunidades”, conta a jovem.
‘EDUCAÇÃO SALVA’
Filha de professora, Domithila acredita que a educação é o principal caminho para a proteção de crianças e adolescentes como a Janalice da série.
“Minha mãe é professora de educação especial em um bairro vulnerável de Belém”, conta. “Cresci escutando as histórias dos alunos dela, as conversas que ela tinha com eles e o quanto isso fazia diferença.”
Segundo ela, interpretar a jovem de 16 anos foi um trabalho de grande impacto interno e responsabilidade. “É uma realidade comum no Brasil, que acontece há séculos, continua acontecendo e precisa ser sanada”, diz.
“Acho que um caminho para sanar é investimento em infraestrutura de base, segurança, educação e saúde. Em lugares geograficamente mais afastados, isso é fundamental para conseguirmos proteger crianças e mulheres”, acrescenta.
Em busca de novos trabalhos, ela conta que vem se encantando com filmes biográficos como “Homem com H”, “Meu Nome É Gal”, “Elis” e “Cazuza – O Tempo Não Para”.
“Todos os meus personagens até hoje fui eu que criei, com base no roteiro. A Janalice é um retrato de muitas meninas que estão nessa realidade, mas não é inspirada em nenhuma delas em específico. Adoraria fazer uma personagem que fosse uma pessoa real, alguém que marcou a cultura brasileira”, afirma.