BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) avaliam que o chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, largou à frente na disputa pela indicação do presidente Lula (PT) para a vaga do tribunal aberta com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso.
A avaliação se dá pela proximidade de Messias com o presidente. Nas duas escolhas anteriores de Lula para o Supremo no atual mandato, os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino, o petista priorizou a intimidade e a lealdade para a indicação o primeiro foi seu advogado, e o segundo, seu ministro da Justiça.
A dúvida no Judiciário reside nos critérios que Lula vai usar para a sua terceira indicação para o Supremo desde sua volta à Presidência da República.
No cenário em que ele opta por um nome de sua confiança para o Supremo, Messias é tido como favorito. Segundo relato de um ministro do STF à Folha de S.Paulo, Lula deu indícios de que o chefe da AGU seria o próximo na fila do STF após Dino tomar posse na corte.
Caso o presidente decida atender às preferências do mundo político, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) passa a ser o principal candidato para a vaga. Seu apoio é majoritário no Senado, e os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes apoiam a indicação do congressista.
O projeto político de Lula para Pacheco era a candidatura do senador para o governo de Minas Gerais em 2026. O parlamentar, porém, não esconde o desejo de ser ministro do Supremo.
Pacheco construiu nos últimos anos relação de proximidade com boa parte dos integrantes do STF. Ele passou a frequentar a casa de ministros quando se tornou presidente do Senado, barrou pedidos de impeachment de ministros da corte e, mesmo tendo deixado o cargo, permanece com bom trânsito no Judiciário.
Em 24 de setembro, quando Barroso realizou jantar em sua casa para marcar o fim de sua presidência no tribunal, Pacheco foi o único parlamentar presente além dos presidentes da Câmara e do Senado.
Outro movimento de Pacheco lido como um aceno ao Judiciário foi sua liderança na atualização do Código Civil. Uma comissão de juristas se reuniu nos últimos dois anos para apresentar uma minuta de proposta, e o texto agora é analisado por uma comissão temporária do Senado presidida pelo senador mineiro.
Bruno Dantas, ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), também tem o nome citado entre os cotados para a vaga de Barroso. Ele tem bom trânsito no Senado e no STF e concorreu à bênção de Lula quando Dino saiu escolhido. Ele não está, no entanto, entre os favoritos.
Há ainda uma pressão para que Lula escolha uma mulher para o cargo. Barroso é um dos defensores da nomeação dessa ideia, com o argumento de que as mulheres perderam espaço no Supremo desde a aposentadoria de Rosa Weber. Atualmente, Cármen Lúcia é a única ministra da corte.
As chances de indicação de uma ministra pelo critério de representatividade gênero, porém, são baixas. Aliados de Lula afirmam que ele já escolheu mulheres para cargos no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e STM (Superior Tribunal Militar) nos últimos meses.
A Folha de S.Paulo consultou cinco ministros do STF e do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre a disputa para a vaga de Barroso. Apesar de a preferência de parte dos magistrados ser por Pacheco, Messias é tido como nome mais provável.
A avaliação é que Lula não deve demorar para indicar o novo ministro, para evitar que a indefinição se converta em pressões de grupos interessados na nomeação. A definição só deve ocorrer após a volta do presidente da Itália, na próxima semana, e uma conversa com Barroso.
Messias é visto por integrantes do Supremo como um ministro com pouca experiência acadêmica e sem destaque nos meios jurídicos. Tem, porém, bom trânsito no Judiciário, além da confiança de Lula e apoio do PT e de advogados próximos do petismo.
Ele concluiu seu doutorado em direito pela UnB (Universidade de Brasília), em 2024, com pesquisa sobre a AGU e as estratégias de desenvolvimento do Brasil na sociedade de risco global.
No mestrado, também pela UnB, estudou compras governamentais como política de incentivo à inovação.
Tanto ele como Pacheco têm buscado discrição no momento em que é definido o nome que vai ocupar a vaga de Barroso no STF. Nenhum dos dois se manifestou publicamente sobre a aposentadoria do ministro. As felicitações ao magistrado foram feitas de forma reservada.