SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil de São Paulo investiga se uma licitação realizada pela Prefeitura de Praia Grande (SP) em setembro, com valor de contratação estimado em R$ 24,8 milhões, tem conexão com o assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. Segundo uma fonte ligada à investigação, essa é uma das hipóteses em análise no inquérito do caso.

Ruy era secretário municipal de Administração de Praia Grande. A hipótese de que o assassinato tenha sido motivado pela atuação dele na gestão municipal é investigada desde o primeiro dia após o crime.

Realizada de forma virtual, a sessão pública do pregão da licitação foi aberta no dia 1º de setembro e encerrada no dia 15, mesma data do crime. O objetivo era a compra de equipamentos para ampliação do sistema de videomonitoramento e Wi-Fi da prefeitura.

A ata do pregão eletrônico foi gerada às 14h51 do dia 15 de setembro, cerca de três horas e meia antes da emboscada contra o ex-delegado-geral. Foram habilitadas três empresas para os sete lotes da licitação, e ao menos dez empresas tiveram alguma proposta desclassificada.

Na semana passada, o subsecretário de Gestão e Tecnologia de Praia Grande, Sandro Rogério Pardini, 60, foi alvo de mandado de busca e apreensão por suspeita de envolvimento na morte do ex-delegado-geral. Outros quatro funcionários também foram alvo de mandados de busca e apreensão.

Entre os objetos apreendidos na casa do subsecretário estavam computadores, pendrives, documentos, além de três pistolas e quantias em dinheiro em três moedas diferentes: R$ 50 mil, US$ 10,3 mil e 1.135 euros. De acordo com o registro da ocorrência, em um monte de R$ 8.000 estava uma anotação com uma divisão do valor com o nome de duas pessoas.

Pardini pediu exoneração do cargo após a operação de busca e apreensão. Procurada, sua defesa afirmou que ele “nega veementemente toda e qualquer participação, seja ela direta ou indireta, nos fatos que estão sendo apurados”.

Procurada, a Prefeitura de Praia Grande afirmou, em nota, que “tem ciência das duas frentes de investigações que estão em andamento pelos órgãos de Segurança”, que mantém contato constante com os órgãos de investigação e “está colaborando integralmente com as investigações, fornecendo imagens, informações e demais materiais solicitados”.

A Polícia Civil apura se a morte foi uma represália ao trabalho que Ruy vinha fazendo na prefeitura —ele era secretário de Administração do município— ou se está ligada ao seu passado de atuação contra o crime organizado, quando foi o primeiro a investigar o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Oito pessoas suspeitas de participação direta ou indireta na morte já foram identificadas e tiveram a prisão decretada pela Justiça. Quatro delas estão presas, e três, foragidas, além de Umberto Alberto Gomes, 39, que foi morto em confronto com a polícia.