SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (10) que vai impor tarifas adicionais de 100% sobre produtos da China a partir do dia 1º de novembro. A sobretaxa dos EUA sobre produtos chineses em vigor atualmente é de 30%.

Na mesma data, também serão aplicados controles de exportação para todos os tipos de software crítico, de acordo com a publicação de Trump na plataforma Truth Social.

O presidente já havia adiantado mais cedo que avaliava um “aumento massivo” nas taxas, o que gerou impacto no mercado financeiro, com Bolsas em queda e dólar em alta pelo mundo.

As medidas, segundo o republicano, são uma resposta à “posição extraordinariamente agressiva” da China de “impor controles de exportação para todos os tipos de produtos”, em um movimento descrito por Trump como “obviamente um plano elaborado há muitos anos”. Ele acrescentou que as tarifas adicionais podem ser impostas até antes do dia 1º de novembro, a depender das ações ou mudanças de postura adotadas pela China.

As novas tarifas reacendem o risco de uma guerra comercial em grande escala, semelhante à do início do ano, quando ele impôs tarifas de 145% sobre produtos chineses e Xi respondeu com 125% sobre mercadorias americanas.

Atualmente, a tarifa média efetiva dos EUA sobre importações chinesas, que leva em conta fatores como exceções setoriais, é de 58%, segundo o Instituto Peterson de Economia Internacional. A tarifa média praticada pela China, de acordo com os mesmos cálculos, é de aproximadamente 37%.

Washington e Pequim haviam alcançado uma trégua durante negociações em Genebra, mas o acordo ficou ameaçado quando a China começou a restringir a exportação de terras raras, materiais essenciais a setores que vão da indústria automotiva à defesa.

O impasse foi parcialmente resolvido em Londres, e novas rodadas de negociação em Estocolmo e Madri abriram caminho para o encontro entre Trump e Xi. O atual cessar-fogo de 90 dias, que mantém tarifas nos níveis atuais, expira em meados de novembro.

Analistas apontam que a China tem vantagem por dominar a produção de terras raras, mas os EUA também dispõem de alternativas, como exigir licenças para a venda de semicondutores à China.

Mais cedo, Trump havia dito que não via motivos para se encontrar com Xi Jinping. “Isso foi uma grande surpresa, não apenas para mim, mas para todos os líderes do mundo livre”, disse Trump sobre a nova política chinesa. “Eu me reuniria com Xi em duas semanas… mas agora parece que não há motivo para isso.”

Ele afirmou ainda que outros países entraram em contato com os EUA, manifestando irritação com “essa grande hostilidade comercial que surgiu do nada”.

Na última quinta-feira (9), a China anunciou novas políticas de controle para a exportação de terras raras. O novo movimento tem como objetivo aumentar o domínio chinês sobre a cadeia de produção de itens que utilizam os minerais raros oriundos do país asiático.

Com o anúncio, que tem efeito imediato, o país quer restringir o uso para fins militares, proibir cooperação não autorizada entre nações estrangeiras e atingir a fabricação de chips de alta tecnologia.

Na prática, a China cria um tipo de jurisdição extraterritorial ao exigir licença de exportação para produtos fabricados no exterior que utilizem terras raras de origem chinesa.

Segundo o porta-voz do Ministério do Comércio, o objetivo principal é salvaguardar a segurança e os interesses da China.

A decisão foi vista como uma tentativa de criar vantagem antes do primeiro encontro entre os líderes desde o retorno de Trump à Casa Branca. “Ninguém nunca viu nada parecido com isso. Na prática, isso ‘entupiria’ os mercados e dificultaria a vida de praticamente todos os países do mundo -especialmente da China”, escreveu Trump em sua postagem.

Os mercados fecharam antes da confirmação das tarifas, mas ameaças do início do dia já haviam abalado as Bolsas. O índice S&P 500, composto por ações de grandes empresas, fechou em queda de 2,71%.

A Bolsa Dow Jones encerrou em queda de 1,90%, enquanto o Nasdaq, com forte presença de empresas de tecnologia, desvalorizou 3,56%. Na semana, os índices caíram 2,73%, 2,43%, e 2,53%, respectivamente.

Os índices S&P 500 e Nasdaq registraram as maiores quedas percentuais desde 10 de abril.

No mercado doméstico, o dólar disparou 2,39% e encerrou a semana cotado a R$ 5,503, patamar que não alcançava desde o último mês de agosto. A Bolsa, seguindo as demais praças acionárias globais, fechou em queda de 0,72%, a 140.680 pontos.