SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Responsável por quase 70% dos financiamentos imobiliários do país, a Caixa volta a financiar até 80% do valor da casa própria no sistema de amortização SAC (Sistema de Amortização Constante), no qual as parcelas são maiores no início e menores no fim, por causa da diminuição progressiva dos juros.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira (10) pelo presidente da Caixa, Carlos Vieira, durante o lançamento do novo modelo de crédito imobiliário, que terá a liberação total dos depósitos compulsórios da poupança para ampliar o acesso da classe média à casa própria pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).
Desde 1º de novembro de 2024, a cota máxima de financiamento admitida pela Caixa estava em até 70% do valor do imóvel, porque o banco estava trabalhando no limite da sua capacidade.
Segundo Vieira, a decisão desta sexta foi possível graças às mudanças nas regras do uso do FGTS e da poupança.
Pelo novo modelo de crédito com uso da poupança o dinheiro da caderneta passará a ter uso livre (sem carimbo) para os bancos realizarem outras aplicações, desde que comprovem a concessão de financiamentos habitacionais em valor correspondente.
Para incentivar o crédito mais barato, 80% do valor liberado deverá ser destinado ao SFH (com taxa de juros máxima de 12% ao ano), enquanto os 20% restantes irão para o SFI (Sistema de Financiamento Imobiliário, com taxas de mercado).
As mudanças no uso dos recursos da poupança para a compra de imóveis residenciais tenta resolver uma complicada equação que tem encarecido o crédito e distanciado o brasileiro da compra da casa própria: demanda por imóveis em alta, alto volume de saques da caderneta de poupança -de onde vêm os recursos para o crédito- e Selic em dois dígitos e retomando ritmo de escalada.
Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho, o novo modelo de crédito imobiliário vai permitir que a Caixa financie 80 mil unidades a mais até o final de 2026.
A vice-presidente da Caixa, Inês Magalhães, estima que o novo modelo de crédito habitacional deve injetar cerca de R$ 40 bilhões em recursos para a contratação de financiamentos imobiliários no banco.
Para o modelo de financiamento Price, que tem parcelas fixas do início ao fim do contrato, o limite está mantido em 70% do valor do imóvel.
A decisão da Caixa de voltar a financiar até 80% do valor dos imóveis pela tabela SAC faz parte da ofensiva do governo Lula para reaproximar a classe média do sonho da casa própria. A medida busca atender famílias com renda entre R$ 12 mil e R$ 20 mil mensais, que ficaram à margem das políticas habitacionais nos últimos anos, devido aos juros altos e à dificuldade de acessar crédito no mercado privado.
A iniciativa tem peso político relevante para as eleições de 2026, ao tentar recuperar o apoio desse eleitorado em meio à reta final do mandato, e foi celebrada pela Caixa como mais um marco do que o banco chama de “legado habitacional” de Lula.
Durante anúncio do novo modelo de crédito imobiliário, o governo também reajustou o teto do SFH, que permite o uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) na compra do imóvel. O valor, congelado desde 2018 em R$ 1,5 milhão, passa para R$ 2,250 milhões, adequando-se ao aumento dos preços dos imóveis.
Para Vieira, ações dessa natureza, e de forma conjunta, estimularão o segmento de construção civil a fazer seu papel no país. O setor emprega mais de 3 milhões de pessoas.
A Caixa deve liderar a adesão ao novo modelo, que será testado até o fim de 2026. O funcionamento pleno está previsto para 2027, caso o desenho se mostre eficiente para expandir a oferta de crédito e reduzir custos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, no setor de crédito, o evento de lançamento estava fechando um ciclo de reformas iniciado em 2023, citando como outros feitos do governo o programa Desenrola e o Marco de Garantias.
Ao falar sobre a regulamentação do Crédito Consignado ao trabalhador e as decisões tomadas em relação ao fundo de garantia, Haddad descreveu o esquema de antecipação do saque-aniversário como “uma das maiores injustiças já cometidas contra o trabalhador brasileiro” e “uma das coisas mais escandalosas que foram feitas no Brasil”.
Para o ministro, a decisão do Ministro Luís Marinho (Trabalho), “não só pôs ordem nessa injustiça como vai alavancar mais recursos para querer esse trabalhador tem acesso à casa própria”.
Haddad ainda fez uma crítica política, dizendo que “não se ganha a eleição impedindo o governo de fazer o bem”, referindo-se a quem tenta sabotar o país.