SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (10) que não há motivo para se reunir com o líder da China, Xi Jinping, em três semanas na Coreia do Sul, e que avalia um “aumento massivo” nas tarifas sobre produtos chineses.
Trump disse, em publicação na plataforma Truth Social, que a China tem enviado cartas a países do mundo todo dizendo que planeja impor controles de exportação sobre todos os elementos de produção relacionados às terras raras.
“Ninguém nunca viu nada parecido, mas, essencialmente, isso ‘entupiria’ os mercados e tornaria a vida difícil para praticamente todos os países do mundo, especialmente para a China”, disse ele na publicação.
“Dependendo do que a China disser sobre a ‘ordem’ hostil que eles acabaram de emitir, serei forçado, como presidente dos Estados Unidos da América, a contra-atacar financeiramente sua ação”, disse Trump no Truth Social. “Para cada elemento que eles conseguiram monopolizar, nós temos dois.”
Ele acrescentou: “Eu deveria me encontrar com o presidente Xi, na Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em português), na Coreia do Sul, mas agora parece não haver motivo para isso.”
A Casa Branca e a embaixada chinesa em Washington não responderam imediatamente a um pedido de comentário.
Um porta-voz do representante de comércio dos EUA recusou-se a comentar, enquanto um porta-voz do Tesouro dos EUA não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Os dois escritórios lideraram as negociações com Pequim sobre comércio.
Em setembro, ao anunciar um acordo para manter o TikTok ativo nos EUA, Trump afirmou que pretendia se encontrar com o líder chinês para discutir comércio, drogas ilícitas e a guerra da Rússia na Ucrânia.
No começo de outubro, o presidente americano voltou a falar do encontro e disse que a soja seria um dos principais tópicos da conversa com Xi Jinping. Pequim nunca confirmou publicamente a reunião entre os líderes.
Na última quinta-feira (9), a China anunciou novas políticas de controle para a exportação de terras raras, tema crucial na disputa comercial envolvendo as potências. O novo movimento tem como objetivo aumentar o domínio chinês sobre a cadeia de produção de itens que utilizam os minerais raros oriundos do país asiático.
Com o anúncio, que tem efeito imediato, o país quer restringir o uso para fins militares, proibir cooperação não autorizada entre nações estrangeiras e atingir a fabricação de chips de alta tecnologia.
Na prática, a China cria um tipo de jurisdição extraterritorial ao exigir licença de exportação para produtos fabricados no exterior que utilizem terras raras de origem chinesa.
Segundo o porta-voz do Ministério do Comércio, o objetivo principal é salvaguardar a segurança e os interesses da China.
MERCADO REAGE MAL
O ataque de Trump à China nesta sexta-feira teve um impacto imediato nos preços das Bolsas americanas. O índice S&P 500, composto por ações de grandes empresas, caiu 2% após a postagem, na maior queda diária desde abril.
Por volta das 15h51, o índice apresentava recuperação e registrava queda de 1,71%. O Nasdaq Composite, com forte presença de empresas de tecnologia, recuava 2,34% no mesmo horário.
O rendimento dos Treasuries de 10 anos, referência do mercado, caiu 7,9 pontos-base para 4,069%%, após a notícia.
No mercado doméstico, o dólar intensificou o movimento de alta registrado no pregão desta sexta. Às 15h45, a moeda disparava 2,29%, cotada a R$ 5,498. No pico da sessão, chegou a 5,518. Já a Bolsa marcava queda de 0,69%, a 140.718 pontos.
O nervosismo dos investidores acompanha tanto o embate do presidente dos Estados Unidos com a China quanto o temor sobre o equilíbrio das contas públicas do Brasil.