Da Redação

Goiânia pode em breve ter um Museu e Memorial do Césio-137, dedicado a preservar a história e a memória do maior acidente radiológico do mundo ocorrido fora de uma usina nuclear. A proposta foi apresentada nesta quinta-feira (9) pelo vereador Lucas Kitão (União Brasil) na Câmara Municipal de Goiânia.

O memorial pretende homenagear as vítimas e reconhecer o trabalho dos profissionais envolvidos no atendimento e na descontaminação após o desastre, ocorrido em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho de radioterapia abandonado foi manuseado de forma indevida em um ferro-velho no Centro da capital. O acidente deixou mais de mil pessoas contaminadas e quatro mortes confirmadas, marcando para sempre a história da cidade.

O projeto prevê a criação de um espaço que reúna exposição permanente, área de convivência e ambiente educativo, voltado para escolas, universidades e visitantes. A ideia é que o local se torne um centro cultural e de reflexão sobre o impacto social e humano da tragédia, além de um ponto de preservação da memória coletiva.

Os resíduos radioativos gerados após o acidente — cerca de 6 mil toneladas — continuam armazenados de forma segura em Abadia de Goiás, no Parque Estadual Telma Otergal, sob responsabilidade do Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Esta é a segunda tentativa de criar um espaço dedicado ao tema. A primeira ocorreu em 2011, com um projeto do ex-vereador Túlio Maravilha (MDB), que acabou arquivado. Agora, o texto de Kitão retoma a proposta, sem definir um local específico para a construção — caberá ao Poder Executivo indicar a área.

O projeto começa a tramitar na Câmara e ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de seguir para votação em plenário. Se aprovado, Goiânia poderá, enfim, contar com um espaço de memória e aprendizado sobre um dos episódios mais marcantes da história do país.