SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – A Assembleia Legislativa da Bahia decidiu nesta sexta-feira (10) manter a prisão do deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida (PRD), conhecido como Binho Galinha.

O parlamentar, acusado de chefiar uma milícia em Feira de Santana (109 km de Salvador), foi preso preventivamente na última sexta-feira (3) após ficar dois dias foragido. Ele foi um dos alvos da “Operação Estado Anômico”, na qual outras nove pessoas foram presas

Binho Galinha afirma ser inocente e diz ser vítima de perseguição. Sua defesa alega que a ordem de prisão foi expedida sem qualquer fato novo e diz que a operação foi marcada por ilegalidades.

Em votação secreta, os deputados estaduais baianos deram 34 votos em favor da manutenção da prisão preventiva do parlamentar, 18 contra e 1 abstenção. Outros 10 deputados não compareceram à sessão.

Nesta quarta-feira (8), o STJ (Superior Tribunal de Justiça) já havia negado um pedido de habeas corpus ao deputado baiano.

Binho Galinha é réu pelos crimes de lavagem de dinheiro do jogo do bicho, agiotagem e receptação qualificada. As investigações apontaram que o deputado lavava dinheiro por meio de empresas e vendia peças de carro roubadas em uma loja de sua propriedade. Apenas em 2023, foram identificadas transações suspeitas que chegavam a R$ 3,9 milhões.

Mesmo sob medidas cautelares, diz o Ministério Público, o deputado teria mantido a liderança do grupo, utilizando empresas de fachada e “laranjas” para movimentar recursos.

“Há novos elementos que confirmam a continuidade das atividades ilícitas cometidas pelos investigados”, afirmou o delegado da Polícia Federal, Geraldo Almeida, responsável pelo caso.

As novas investigações identificaram elos dos suspeitos com os crimes de venda ilegal de armas de fogo e associação ao tráfico de drogas. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 9 milhões em bens dos investigados e a suspensão das atividades de uma empresa.

O advogado Gamil Föppel, responsável pela defesa do deputado, afirmou que Binho Galinha jamais esteve foragido e que, mesmo com a prisão decretada desde o dia 19 de agosto, compareceu espontaneamente por duas vezes ao fórum sem que qualquer autoridade o prendesse.

Destacou que a ordem de prisão foi expedida sem qualquer fato novo que a justificasse e que a operação foi marcada por excessos e ilegalidades, com divulgação de vídeos das prisões e uso de algemas.

“A instauração de um novo inquérito policial para ‘aprofundar a investigação de fatos pretéritos’ apenas corrobora a ausência de provas”, disse o advogado, destacando que Binho Galinha “reafirmam sua plena inocência e não se curvarão diante do que se configura como uma evidente perseguição”.

A “Estado Anômico” é de um desdobramento da operação “El Patron”, pela qual o deputado se tornou réu em 2023. A operação chegou a ser anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas a decisão foi revertida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que considerou as provas válidas.

A primeira operação contra o deputado foi deflagrada em 7 de dezembro de 2023, quando 15 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público. Na época, dez pessoas foram presas preventivamente.

Um relatório da Polícia Federal afirmou, na ocasião, que a suposta milícia liderada pelo deputado estadual teria tentáculos em vários setores do poder público na Bahia.

O parlamentar já responde a duas ações penais, denunciado em fevereiro deste ano e em dezembro de 2023 pelo MP-BA, em decorrência da ‘Operação El Patrón’, por lavagem de dinheiro, jogo do bicho, agiotagem e receptação qualificada.

A ‘Operação Estado Anômico’ teve o objetivo de aprofundar as investigações da ‘El Patrón’ sobre a organização criminosa, que possui uma estrutura complexa, com divisão de tarefas entre seus membros, incluindo policiais militares. Ao todo, 15 pessoas já foram denunciadas por envolvimento com o grupo criminoso supostamente liderado pelo deputado.