PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – O premiê chinês Li Qiang iniciou nesta semana uma viagem oficial à Coreia do Norte com votos pelo aprofundamento da relação entre os países, reafirmando o movimento de cooperação entre as nações em um momento em que a China tenta expandir sua influência no Oriente.
Trata-se da visita de mais alto nível de um representante chinês a Pyongyang desde 2019, quando o líder do regime chinês, Xi Jinping, visitou a região.
Segundo a agência estatal Xinhua, Pequim está disposta a “promover novos progressos nas relações bilaterais” e “manter, consolidar e desenvolver a amizade tradicional entre os dois países”.
A visita, classificada oficialmente como amistosa, ocorre após o convite do regime norte-coreano para as celebrações do 80º aniversário do Partido dos Trabalhadores da Coreia, nas quais Li representa Xi.
Além do premiê chinês, também estão em visita oficial ao país To Lam, secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista do Vietnã, e Thongloun Sisoulith, presidente do Laos.
É esperado que o representante participe ainda de um desfile militar em que a Coreia do Norte deve ostentar os armamentos que vem desenvolvendo para afastar a ideia de que sua defesa é respaldada apenas em armas nucleares e mostrar que o país também possui armas tradicionais avançadas.
Embora o regime não tenha confirmado a data ou o horário, é esperado que seja ainda nesta sexta-feira (10), data que marca oficialmente o aniversário do partido.
Na chegada a Pyongyang, Li foi recebido pelo premiê norte-coreano Pak Thae-song e outros altos dirigentes do partido e do governo, em uma cerimônia que reuniu os hinos nacionais dos países e a inspeção da guarda de honra, um protocolo reservado apenas a visitas de Estado consideradas prioritárias para o regime.
Durante o encontro com o líder do regime norte-coreano Kim Jong-un, Li afirmou que o encontro entre os mandatários em setembro, em Pequim, “apontou direções para aprofundar as relações bilaterais”.
Já o ditador aproveitou a ocasião para reafirmar o apoio da Coreia do Norte à China em relação a Taiwan, condenando ações separatistas e interferências externas.
Na ocasião, Kim participou do desfile militar que celebrou os 80 anos da vitória da China na chamada Guerra da Resistência contra o Japão e na Segunda Guerra Mundial, um gesto considerado um dos sinais mais fortes de reaproximação entre os dois países nos últimos anos.
Durante a celebração militar em Pequim, Kim e Xi, ao lado do presidente russo Vladimir Putin, protagonizaram cenas de união, sendo os primeiros a entrarem, lado a lado, à vista do público na Praça da Paz Celestial, onde ocorreu o desfile.
A visita de Li ocorre em um momento de fortalecimento da cooperação entre as três nações asiáticas, com a ampliação dos contatos diplomáticos e militares.
O encontro desta semana entre os representantes reforça o papel de Pequim como um dos principais interlocutores de Pyongyang, além de sua busca por ampliar sua margem de influência na região e sobre o regime norte-coreano, que é, neste momento, pressionado pelos Estados Unidos pela sua desnuclearização.
A mídia chinesa interpretou a presença do premiê como um sinal internacional de que a China mantém firme seu compromisso estratégico com Pyongyang mesmo sob o impacto de sanções e do isolamento diplomático do regime norte-coreano.
Além de reafirmar laços bilaterais, Li destacou que os dois países devem “defender e praticar firmemente o multilateralismo e promover o desenvolvimento da ordem internacional”, segundo o Ministério de Relações Exteriores.