SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Os organizadores da SAFiel, proposta feita por torcedores para tornar o Corinthians uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), têm estreitado laços de todos os lados para fazer a ideia ganhar corpo dentro do Parque São Jorge e entre os torcedores.

DA VAQUINHA ÀS REUNIÕES

A ideia surgiu com o apoio de parte dos maiores doadores da vaquinha para ajudar o clube a quitar a Neo Química Arena. Uma das primeiras reuniões foi em fevereiro e tinha a premissa de montar um projeto para ajudar o Corinthians de alguma maneira.

O primeiro modelo proposto foi a criação de uma chapa para concorrer no cenário político do clube. O grupo, no entanto, viu que o cenário seria inviável por causa dos trâmites e pelo perfil não ser o de se incorporar em um clube associativo.

Eis que surgiu a ideia de tornar o projeto uma SAF dos próprios torcedores. Desde o dia 26 de maio, a ideia tem sido fortalecida por meio da divulgação de informações e da aproximação com membros da atual diretoria do clube, conselheiros e torcidas organizadas.

A gente tem um conjunto de elementos que quando temos a oportunidade de conversar com o presidente, com conselheiros, com sócios, eles realmente entendem que alguma coisa precisa ser feita. As reações estão sendo bem positivas.Carlos Teixeira, idealizador da SAFiel

Reuniões têm acontecido nos últimos meses. Membros e idealizadores da SAFiel já se reuniram com o presidente do Corinthians, Osmar Stabile, com o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Romeu Tuma Júnior, e com diversos conselheiros.

As conversas com as torcidas organizadas acontecem em paralelo. A principal delas, a Gaviões da Fiel, já recebeu membros da SAFiel.

“Explicamos o projeto para eles, mostramos quem nós somos, como o projeto surgiu. Eles entenderam muito bem. Todo corintiano acreditava que tinha uma chance de salvação dentro do modelo associativo, mas praticamente todos se deram conta que essa chance não existe mais. Está todo mundo jogando a toalha. O projeto tem sido aceito, inclusive por torcedores organizados e pela maioria dos corintianos”, afirma Carlos Teixeira.

COMO SERIA O MODELO DE GESTÃO?

O projeto promete “gestão profissional” no Corinthians. Nele, o clube teria ações compradas por dois grupos: um de torcedores e outros de investidores institucionais, como fundos de investimento, por exemplo.

A gestão da SAF atuará em todas as áreas do futebol do clube, seja masculino, feminino ou de base. Os outros esportes seguem sob a administração do clube associativo.

Os torcedores investidores precisariam comprovar relação com o Corinthians. Será permitido comprar ações apenas para aqueles que forem sócios do Parque São Jorge ou do programa Fiel Torcedor.

Quatro conselhos seriam formados durante a gestão: Administrativo, Fiscal, Cultural e de Governança. Todos eles teriam integrantes escolhidos pelos torcedores acionistas.

“Existe um limite máximo [de ação comprada]. Você não pode ter mais do que 1,8% das ações de torcedor. É um processo de distribuição democrático, pulverizado e com limite máximo. O torcedor vota nos órgãos da SAF.

As ações mais baixas custarão cerca de R$ 200. ‘O pipoqueiro, o faxineiro, o corintiano mais humilde, até aquele que vive à base de Bolsa Família, se ele quiser, ele vai conseguir comprar uma ação do Corinthians e vai poder votar. O ingresso pra muitas partidas hoje custa R$ 200, então nós somos totalmente contra o Corinthians ter um dono e é por isso que a gente está apresentando a SAFiel”, diz Carlos Teixeira.

A ideia do modelo de administração é parecido com o do Bayern de Munique. Haverá um grupo de conselheiros independentes, votados pelos acionistas e que receberá salários e atuará na parte executiva. Em paralelo a este grupo, outros conselheiros representarão os torcedores e o Parque São Jorge, mas sem poder nas tomadas de decisão em si da gestão.

O processo para eventualmente tornar o Corinthians uma SAF é longo. Internamente, há ainda muita resistência quanto à implementação do modelo de gestão no clube. Entre os avais necessários, são precisas votações do Conselho Deliberativo e, depois, dos associados do Parque São Jorge.