SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Estou em choque”, disse a líder opositora da Venezuela, María Corina Machado, no que parece ser uma de suas primeiras reações ao descobrir, nesta sexta-feira (10), que era a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025.
“O que é isso? Não consigo acreditar”, afirma ela em uma ligação com o também opositor Edmundo González, candidato à Presidência da Venezuela em 2024 e exilado na Espanha desde que o ditador Nicolás Maduro se proclamou vencedor após o pleito. “Estamos em choque de alegria”, responde ele.
O candidato presidencial da oposição venezuelana, Edmundo Gonzalez Urrutia, e a líder Maria Corina Machado participam de um comício de campanha em Maracaibo Raúl Arboleda – 23.jul.2024 AFP Homem de camisa branca com colares e mulher sorridente ao lado, apontando para frente, vestindo camiseta branca com detalhes coloridos e colares. Fundo desfocado ao ar livre. **** González, que entrou na disputa após María Corina ser declarada inelegível pelo regime, publicou o vídeo em sua conta na rede social X pouco depois. “Merecidíssimo reconhecimento à longa luta de uma mulher e de todo um povo pela nossa liberdade e democracia. A primeira vencedora do Prêmio Nobel da Venezuela! María Corina, a Venezuela será livre!”, afirmou.
Com o prêmio, a opositora se tornou a 20ª mulher a ganhar o Nobel, concedido desde 1901 -o que significa que, agora, 83% das premiações foram masculinas. A última mulher a ganhar a homenagem havia sido a ativista iraniana Narges Mohammadi, em 2023.
Corina como “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos tempos recentes” e uma “figura-chave e unificadora em uma oposição política que antes era profundamente dividida”.
“É precisamente isso que está no cerne da democracia: nossa disposição compartilhada de defender os princípios do governo popular, mesmo discordando. Em um momento em que a democracia está ameaçada, é mais importante do que nunca defender esse ponto em comum”, diz o anúncio.
O presidente do comitê, Jorgen Watne Frydnes, ainda citou os esforços “inovadores e corajosos, pacíficos e democráticos” da oposição nas eleições de 2024 na Venezuela, quando o antichavismo reuniu as atas de votação ao longo do dia em uma tentativa de contestar possíveis fraudes do regime.
Embora os documentos, atestados por diferentes órgãos independentes, tenham apontado vitória ao candidato da oposição, Edmundo González, Maduro declarou sua terceira reeleição horas após o fechamento das urnas, sem apresentar as provas exigidas pela lei venezuelana.
O episódio foi apenas uma das anormalidades do pleito. Cerca de um ano antes, María Corina havia sido declarada inelegível ao lado de outros opositores pela Controladoria-Geral do país –que, assim como a maioria dos órgãos públicos da Venezuela, está aparelhada.
Na ocasião, o regime atribuiu a decisão a irregularidades administrativas da época em que ela foi deputada, de 2011 a 2014. A medida, imposta em 2015, tinha vigência de apenas um ano, mas foi estendida porque ela apoiou sanções dos EUA contra Maduro, segundo o órgão.