SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O novo agente de IA (inteligência artificial) do iFood promete entender as preferências do consumidor para prever qual será seu próximo pedido. Chamado de Ailo, o assistente virtual poderá entender que o consumidor não gosta de comida picante se ele sempre pede para deixar a pimenta em um pote separado, por exemplo, e tenderá a sugerir menos opções do tipo.

Será possível enviar mensagens de texto e áudio, que serão analisadas e interpretadas pelo assistente virtual.

Apesar de ainda não haver uma data de lançamento, a ferramenta apresentada à imprensa nesta quinta-feira (9) está em fase de testes pelo WhatsApp, como anunciado no fórum de clientes há duas semanas. Qualquer usuário pode acessar a versão beta pelo número (11) 91150-4025.

Um agente de IA é um sistema que utiliza grandes modelos de linguagem (LLM) para interagir com pessoas e executar tarefas de forma autônoma ou semiautônoma. Ele é capaz de “entender” comandos em linguagem natural e tomar decisões com base em padrões de comportamento.

Seguindo a moda, o iFood se propôs a entrar em uma “Era dos agentes”. Até o momento, já foram criados cerca de 3.500 agentes individuais para as tarefas internas da empresa e, até março do ano que vem, a meta é ter um agente por “foodlover”, como são chamados os funcionários.

Hoje, quem cuida do atendimento ao cliente é a assistente virtual Rosie, disponível para tirar dúvidas no aplicativo. Para entregadores, no caso de algum problema na entrega, o agente Jhow se propõe a explicar o que deve ser feito. E, para donos de restaurantes, a ajudante Cris funciona como uma mentora, que reúne dados de pedidos e lucros para dar dicas de como administrar melhor o negócio.

A empresa estima que cerca de 30% de seu Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) provêm da inteligência artificial. O uso da tecnologia começou em 2018, mas se ampliou no final de 2022, com o lançamento do ChatGPT, da OpenAI.

“O iFood não existe sem inteligência artificial. Não tem como operar”, afirmou Thiago Cardoso, diretor de dados e IA, durante o evento.

OLHARES PARA O BRASIL

A movimentação ocorre em um momento de disputa acirrada no mercado de delivery. A 99, controlada pela chinesa DiDi Global, anunciou em setembro que irá dobrar seus investimentos no país, destinando R$ 2 bilhões ao setor de delivery de comida até 2026. Outra gigante chinesa, a Meituan, prepara a entrada de sua subsidiária Keeta no Brasil ainda neste mês.

O iFood afirmou que sua tecnologia é de origem brasileira, apesar de feita em parceria com a europeia Prosus. A empresa indica que está em uma posição de destaque para outros grandes players, como Google, Uber e OpenAI. Representantes disseram no evento que a companhia tem mantido um bom relacionamento com as gigantes.

O chamado LCM (large commerce model ou grande modelo de comércio), criação própria usada para desenvolver o Ailo, foi treinado a partir de bilhões de interações reais com consumidores brasileiros e se propõe a ser 60 vezes mais barato do que outros modelos de IA generativa.

A Prosus segue o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR, na sigla em inglês), da União Europeia. Segundo o iFood, as regras são parecidas com as da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), que foram respeitadas no desenvolvimento do modelo.

Outras tecnologias em expansão incluem os robôs autônomos para delivery, ou ADAs, e os drones, que retomaram o serviço de entrega em Sergipe na semana passada. O iFood também investe na AGI Club, comunidade para desenvolvimento de ferramentas de IA no Brasil.