PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, anunciou nesta sexta-feira (10) o aumento do orçamento da área da defesa e a criação de um sistema de defesa aérea para proteger o país em meio ao aumento das tensões com a China.

Segundo o líder, o chamado “T-Dome” terá “defesa multicamadas, detecção de alto nível e interceptação eficaz” e fará parte de uma rede de segurança que visa proteger os cidadãos do país em caso de ataque.

“O aumento dos gastos com defesa tem um propósito; é uma necessidade clara para combater ameaças inimigas e uma força motriz para o desenvolvimento de nossas indústrias de defesa”, disse.

O anúncio ocorreu em seu discurso de celebração do Dia Nacional, quando Lai exortou a China para que o país renuncie ao uso da força ou da coerção para tomar a ilha.

O discurso acontece em um momento em que o gigante asiático sobe o tom em relação à ideia de “Uma Só China”, argumentando que Taiwan, formalmente chamado de República da China, faz parte do território da República Popular da China.

A ilha vive sob pressão crescente dos chineses, que não somente estão intensificando manobras militares na região, como também aumentando a proximidade de algumas de suas incursões.

O presidente taiwanês também afirmou que a China deve assumir a responsabilidade como potência e parar de distorcer o significado da Resolução 2758 da ONU (Organização das Nações Unidas), que em 1971 expulsou Taiwan do espaço das delegações na Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança, assim como de outras instituições ligadas à organização, determinando que Pequim é o único representante da China na entidade.

Pequim argumenta que o documento da ONU confirma e incorpora o princípio de uma só China. Em nota emitida pelo Ministério de Relações Exteriores na semana passada, Taiwan afirmou que o vizinho está tentando criar um arcabouço legal para a invasão da ilha.

O regime chinês tem também advertido declarações favoráveis à independência de Taiwan e interferências externas no assunto, considerado exclusivamente doméstico.

Há chances que o líder chinês Xi Jinping coloque na mesa de negociação das tarifas impostas por Donald Trump o pedido de que os Estados Unidos se oponha formalmente à independência de Taiwan. Segundo o The Wall Street Journal, assessores chineses avaliam que o americano quer fechar logo um acordo econômico com Pequim e que, por isso, poderia estar disposto a negociar.

Uma mudança de posicionamento dos EUA em relação à ilha pode também indicar o fim do apoio militar americano a Taipé.