SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Prefeitura de São Paulo fará na próxima quinta-feira (16) um pregão eletrônico para escolher quem será responsável pela produção do censo da população de rua deste ano. O trabalho é considerado fundamental para o direcionamento das políticas públicas para as pessoas que vivem nesta situação na cidade.

Decisões como a criação de novos equipamentos ou a adaptação deles para públicos específicos, como famílias inteiras, imigrantes, mulheres e população LGBTQIA+ são baseados no resultado desses levantamentos.

A partir da assinatura do contrato, a empresa vencedora terá um prazo de 310 dias para a execução do serviço. Com isso, os resultados do trabalho só devem ser apresentados pela gestão Ricardo Nunes (MDB) no segundo semestre de 2026. O censo anterior foi concluído em dezembro de 2021.

Para Alderon Costa, membro do Fórum da Cidade e articulador da Associação Rede Rua, o lançamento do censo é um passo importante, mas que vem com atraso em relação à necessidade. “A diretriz é que esse tipo de levantamento seja feito pelo menos a cada quatro anos”, afirma.

Ele diz que havia uma pressão para que o censo fosse antecipado e não atrasado como aconteceu. “Ainda estamos vivendo os impactos da pandemia, com aumento de famílias nas ruas, por exemplo, e não temos dados que possibilitem uma adaptação da política pública para a nova situação”, diz.

O último censo apontou que existiam 31.884 pessoas em situação de rua. Desse total, 83,4% eram homens e 70.8% eram pretos e pardos. O levantamento apontava ainda que 12% desta população era de idosos, 3% de travestis, transexuais, a gêneros e não binários e 3% de crianças e adolescentes. Do total, menos de metade estava em acolhimento nos serviços públicos e 60% permaneciam nas ruas.

De 2000 para cá, todos os censos apontaram um crescimento do número de pessoas em situação de rua em relação ao anterior. Eram 8,7 mil em 2000, 13,6 mil em 2009, 14,4 mil em 2011, 15,8 mil em 2015 e 24,3 mil em 2019. Os dados também apontam uma aceleração de crescimento nos últimos anos, o que aumenta a ansiedade dos ativistas quanto ao próximo resultado.

A maior concentração da população em situação de rua é na região central da cidade, na região da Subprefeitura da Sé. Depois dela, as subprefeituras da Mooca, Lapa, Santana e Vila Mariana também apresentam altas concentrações de pessoas sem teto.

Outra preocupação apontada por Costa é com a divergência de dados em relação a outros estudos de campo feitos sobre o tema. Um informe técnico elaborado pelo OBpopRua (Observatório da População em Situação de Rua), ligado aos Polos de Cidadania da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), estimou que, em maio deste ano, 98.639 pessoas estavam em situação de rua na capital paulista.

O trabalho foi desenvolvido a partir de dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. O levantamento aponta que 3 em cada 10 pessoas em situação de rua no país vivem na capital paulista. Diferentes métodos de levantamento e análise também dificultam a comparação dos dados do ministério com o do censo, por isso também, a necessidade de um dado novo para avaliação.