SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil saudou o anúncio do acordo entre Israel e o grupo terrorista Hamas para a primeira fase do plano de cessar-fogo na Faixa de Gaza nesta quinta-feira (9). O ministério das Relações Exteriores brasileiro publicou um comunicado em que “reconhece o importante papel desempenhado pelos Estados Unidos e valoriza a atuação dos demais países mediadores: Qatar, Egito e Turquia”.

Ainda pontua que, com a implementação efetiva do acordo, os ataques contra Gaza e os consequentes deslocamentos forçados e destruição de infraestruturas devem cessar. “O governo brasileiro ressalta a dimensão humanitária do acordo e enfatiza que o cessar-fogo deverá resultar em alívio efetivo para a população civil”, diz o texto do Itamaraty.

O Hamas declarou mais cedo o fim da guerra em Gaza enquanto o gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, estava reunido para discutir o acordo assinado no Egito na quarta (8). A confirmação se deu horas depois.

No comunicado publicado pelo ministério brasileiro, o governo “exorta as partes a cumprirem todos os termos do acordo” e ainda “engajarem-se de boa-fé” para garantir a retirada das tropas de Gaza, o início do processo de reconstrução e a restauração da “unidade político-geográfica da Palestina sob seu legítimo governo, em consonância com o direito inalienável de autodeterminação do povo palestino”.

Ainda reitera que “uma paz justa, estável e duradoura no Oriente Médio passa pela implementação da solução de dois Estados” —afirmação que faz eco ao reconhecimento do Estado da Palestina, feito pelo Brasil em 2010. O texto cita os moldes do acordo de 1967, com um Estado “independente e viável, vivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança”.

Aprovado o acordo, um cessar-fogo no território palestino entra imediatamente em vigor. Nesta quinta, relatos de bombardeios israelenses contra Gaza foram registrados pelas agências de notícias e por palestinos no território. Ao menos 30 pessoas morreram, segundo números das autoridades de saúde locais.

A expectativa é de que Exército de Israel inicie sua retirada de Gaza assim que a trégua for instaurada. Nas primeiras 24 horas após o anúncio, os militares devem recuar para uma primeira linha que possibilite ao grupo terrorista reunir todos os reféns.

De 48 horas a 72 horas depois do anúncio, todos os sequestrados ainda vivos devem ser libertados pelo Hamas —não há clareza se os corpos dos reféns mortos também serão recuperados no mesmo período, e Trump disse na quinta que pode haver dificuldade de devolver alguns dos cadáveres. Durante esses três dias, a facção e Tel Aviv precisam ainda negociar a lista de prisioneiros palestinos que serão libertados por Israel —o Hamas diz que todas as mulheres e crianças presas serão soltas.