BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Luis Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal) afirmou nesta quinta-feira (9), depois de anunciar a antecipação de sua aposentadoria, que não poderia sair da corte antes da conclusão do julgamento do núcleo central da trama golpista de 2022, que resultou na condenação de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
“Eu não podia sair antes de terminar os julgamentos do golpe. Era meu dever estar aqui, estar do lado dos meus colegas. Eu não gostaria de sair no meio de um momento confuso e eu achei que agora o momento está tranquilo”, disse.
Segundo ele, que defendeu uma mulher para a sua vaga na corte, agora ele “pode sair sem maior abalo, sem maior consequência”. As declarações foram dadas a jornalistas na saída do tribunal, depois do encerramento da sessão em que o anúncio oficial foi dado.
Ainda, Barroso afirmou não ter pretensões de cargos políticos, caminho escolhido por Ricardo Lewandowski, por exemplo, que assumiu o Ministério da Justiça, ou em embaixadas ou em tribunais internacionais.
“Eu quero servir ao Brasil, se eu pudesse escolher, servir ao Brasil como um intelectual público, alguém que olha o país e pensa coisas sem cargos, sem esses deveres”, disse. “Meus planos nesse momento são acadêmicos. Escrever”, resumiu, acrescentando que fora do tribunal terá mais liberdade para isso.
Barroso aceitou um convite em uma instituição alemã chamada Max Planck, em novembro, e, em janeiro, vai dar um curso como professor visitante na Sorbonne, na França. Segundo ele, depois desses dois compromissos pensará nos projetos de longo prazo.
“A vida é feita de ciclos e eu achei que tinha feito o que podia fazer e que era a hora de abrir espaço para pessoas que vêm com outras ideias. Enfim, a vida é assim. A gente tem que saber ceder o lugar na hora certa”, disse.
O ministro disse defender o modelo alemão para as supremas cortes, que prevê mandato de 12 anos.
Indagado sobre possíveis sucessores para a cadeira, Barroso disse que gostaria de ver uma mulher indicada. A escolha deverá ser feita pelo presidente Lula (PT), que indicará o terceiro nome à corte no terceiro mandato.
“Eu filosoficamente, sem fazer uma escolha pontual para essa vaga que é uma competência do presidente, sou um defensor de mais mulheres nos tribunais superiores como uma regra geral. A resposta é sim. Mas há homens e mulheres capazes, mas eu vejo com gosto”, disse.
Segundo ele, ainda não há definição da data oficial que deixará o tribunal. Ele deve ainda ficar por no máximo uma semana, tempo que será usado para analisar o acervo que deixará e definir alguns processos para deixar votos.