BRASÍLIA, DF E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Banco Master ganhou um fôlego extra em meio a novas conversas para a venda do Will Bank, controlado pela instituição do banqueiro Daniel Vorcaro, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto.

Pelo menos quatro investidores demonstraram interesse no banco digital, que tinha cerca de 9 milhões de clientes em abril e conta com forte presença no Nordeste, nas classes C e D. Criada em 2017, a empresa encerrou o primeiro semestre com R$ 14,4 bilhões de ativos, um prejuízo de R$ 244,7 milhões e um patrimônio líquido de cerca de R$ 300 milhões, segundo dados do Banco Central.

Entre os interessados, dois fundos de private equity, um brasileiro e um estrangeiro, têm tido conversas preliminares com o Master para avaliar uma potencial compra, de acordo com pessoas a par das negociações ouvidas pela reportagem.

Outro interessado é um grupo de investidores.

O BRB (Banco de Brasília), que teve a oferta de compra de R$ 23 bilhões em ativos do Master rejeitada pelo BC (Banco Central) em setembro, já formalizou o interesse em adquirir o Will Bank, mas existe uma dúvida se o BC aprovaria uma eventual nova transação com o banco estatal.

O BRB também pode fazer uma parceria com grupos que têm interesse, mas não têm expertise de atuação no mercado bancário.

As conversas com potenciais interessados no Will Bank acontecem mesmo depois do vencimento, no dia 1º de outubro, de uma linha emergencial de liquidez que chegou a cerca de R$ 4,5 bilhões, concedida pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos).

O FGC tem interesse na venda do Will Bank porque o banco digital tem cerca de R$ 7 bilhões de CDBs (Certificados de Depósito Bancário). A venda diminuiria o passivo a ser honrado no caso de quebra do banco de Vorcaro -o fundo garantidor cobre até R$ 250 mil em depósitos por investidor em caso de falência, liquidação ou intervenção de instituições financeiras.

Gestores do Master têm buscado tranquilizar interlocutores do mercado financeiro, sinalizando que o prazo do FGC se estendeu até novembro e que as conversas com reguladores caminham bem. O fundo, no entanto, não confirmou a informação à reportagem, dizendo que não comenta sobre instituições financeiras associadas.

O Master não atendeu o pedido de informações da reportagem encaminhado na última terça-feira (7) e novamente nesta quinta-feira (9).

O processo de aceleração de venda de ativos por Vorcaro é visto como uma tentativa de comprar tempo antes de uma ação mais dura do BC, como a decretação da liquidação do Master. Vorcaro pode ser impedido pelo BC de comandar instituição financeira.

O banco e seus gestores são alvo de investigação do Ministério Público Federal por vários indícios de crime contra o sistema financeiro. Como revelou a Folha de S.Paulo, a Polícia Federal abriu um inquérito sobre o Master com base em documentação enviada pelo BC.

O inquérito é sigiloso e as investigações avançaram nos últimos dias, de acordo com pessoas a par do tema que falaram na condição de anonimato.

No mercado financeiro, a colocação dos ativos à venda está sendo chamada de “saldão” do Vorcaro e tem movimentado os grandes escritórios de advocacia.

O prestigioso escritório Machado Meyer já sinalizou nos bastidores que vai atuar para algumas empresas não financeiras interessadas em comprar ativos do Master, sobretudo o Will Bank. Procurado, o escritório não negou a informação e respondeu que “infelizmente não poderia apoiar sobre este tema”.

Outros escritórios foram acionados para a venda de precatórios (dívidas judiciais) e imóveis de Vorcaro. Entre eles, um apartamento em São Paulo.

O controlador do Master também contratou Walfrido Warde, advogado especializado em litígios empresariais e sócio-fundador do Warde Advogados.