SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma cidade isolada no interior do Alasca se torna palco de um thriller onde a paisagem gelada é tão ameaçadora quanto os criminosos que nela se escondem. É esse o ponto de partida de “A Última Fronteira” (“The Last Frontier”), série que estreia na sexta-feira (10) na Apple TV+.

A trama acompanha Frank Remnick (Jason Clarke), um delegado federal responsável por manter a ordem em uma pequena cidade na região inóspita dos Estados Unidos. Sua rotina muda quando um avião de transporte de prisioneiros cai lá perto, libertando criminosos violentos. O que poderia parecer um acidente revela sinais de conspiração, colocando Frank diante de uma rede de intrigas e segredos. Entre a sobrevivência dos moradores e a verdade.

Rodada em cenários de neve intensa, a série faz do ambiente um personagem à parte. Para Clarke, o frio extremo moldou também a gravação da série. “Muita coisa era basicamente sobrevivência e resistência. Você precisava se preparar e acertar a cena em uma ou duas tomadas, devido à escuridão e ao frio. Isso acrescentou muito ao resultado”, contou o ator à reportagem sobre os meses de filmagem em montanhas geladas.

O showrunner Jon Bokenkamp destaca que a escolha do Alasca não foi apenas estética. “É um lugar que te obriga a depender da comunidade, goste ou não. Esse ambiente extremo força cada personagem a mostrar quem realmente é”, explica.

Ele também afirma que “A Última Fronteira” se diferencia de outras série que têm como trama principal um policial bom e os dilemas da CIA (a agência de inteligência americana) são os personagens únicos e complexos. “Eles até ocupam os papéis clássicos de policial ou agente da CIA, mas são muito mais complexos. Ter dez episódios dá tempo de revelar quem são de verdade, com segredos e contradições. São figuras conhecidas, mas apresentadas com um frescor que as torna únicas.”

Para o protagonista, o Alasca é o maior diferencial da produção. “Não é sobre a diferença, mas há muitas similaridades [com outras tramas do gênero]”, diz Clarke. Ele avalia que o ambiente é que dá o tom para seu personagem e para a trama da série, que se estabelece ao redor da realidade deste policial justo em uma cidade quase sem problemas -pelo menos, até então.

Se Frank representa a figura de homem comum que precisa se adaptar a circunstâncias fora de seu controle, a chegada da agente Sidney Scofield (Haley Bennett) complica o cenário. Vinda da CIA, ela carrega seus próprios segredos e interesses.

À reportagem Bennett explica essa tensão: “A resistência entre Frank e Sidney é interessante”. “É aí que percebemos o drama”, analisa. “O Alasca revela a natureza dessas pessoas, mas também há o aspecto da espionagem e a relação deles, sempre marcada pelo conflito.”

Clarke concorda que a relação é marcada pela desconfiança inicial. “Frank é cauteloso com qualquer intervenção externa. Mas, em certo ponto, ele percebe que precisa de ajuda, e Sidney é a pessoa inesperada que surge para isso”, diz.

Outro destaque é Levi Hartman (Dominic Cooper), figura envolta em mistérios e de passado turbulento. Segundo o ator, parte do fascínio em interpretá-lo está em suas camadas contraditórias, que se revelam aos poucos e fazem a percepção do público mudar a cada episódio.

Para Bennett, essa zona cinzenta moral se estende a todos. “Mesmo quando parecem errados, os personagens estão tentando expor verdades e corrigir falhas”, diz. “O público vai torcer por eles em um momento e desconfiar no seguinte.”

“Não é preto no branco. Todos acreditam estar certos, e isso cria uma história mais rica e próxima da vida real”, completa Bokenkamp.

A veterana Alfre Woodard interpreta a diretora-adjunta da CIA, Bradford, uma das figuras mais imponentes da série. Ela descreve a personagem como alguém marcada pela disciplina e pela crença na democracia. “Ela carrega esse senso de propósito. Vê a democracia como algo precioso, que precisa ser defendido a qualquer custo”, afirma.

Essa mistura de ação intensa, dilemas morais e paisagens hostis é a aposta dos criadores para prender o público. Com dez episódios exibidos semanalmente até dezembro, “A Última Fronteira” combina conspiração política, suspense e drama humano. “Frank não tem tempo para sentimentalismo. Ele precisa manter a cidade unida e segurar tudo enquanto o mundo desmorona ao redor”, resume Clarke.