SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – László Krasznahorkai, vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 2025, não foi o primeiro húngaro a levar o prêmio.
Há 23 anos, seu conterrâneo Imre Kertész também foi reconhecido com a maior distinção literária do mundo. E o país produziu outros dos maiores escritores do último século.
Conhecer outros autores desse país que fala uma língua tão singular, com poucos parentescos pelo mundo, pode ser um bom caminho para se aproximar da obra do novo Nobel, que tem só um livro publicado no Brasil, “Satántángó”.
Veja abaixo alguns dos principais autores húngaros publicados no Brasil.
SÁNDOR MÁRAI
Márai nasceu na cidade húngara de Kassa em 1900, que hoje pertence à Eslováquia. Autor de 46 livros -em sua maioria romances- também foi poeta, dramaturgo e jornalista.
Seus livros tiveram bastante sucesso no período entre as guerras mundiais. Descontente com o regime comunista de seu país, exilou-se em 1948 e, em sequência, sua obra foi proibida na Hungria. Depois de morar em diferentes países europeu, se mudou para os Estados Unidos, onde se suicidou em 1989.
A maior parte de seus livros chegou ao Brasil pela Companhia das Letras. Entre eles se destacam “As Brasas”, livro que virou um pequeno fenômeno de popularidade, e “As Velas Ardem Até ao Fim”. Seus diários, que reúnem reflexões sobre o exílio e a morte, também foram publicados.
IMRE KERTÉSZ
Nascido na capital Budapeste em 1929, Kertész foi o primeiro autor húngaro a vencer o prêmio Nobel de Literatura, em 2002. Ele morreu em 2016 na sua cidade natal, aos 86 anos.
Durante a Segunda Guerra, sobreviveu ao maior campo de concentração nazista, em Auschwitz, para onde foi levado quando tinha 15 anos. Após a queda do regime de Hitler, ele voltou para Budapeste e começou a trabalhar como jornalista e tradutor até se tornar autor de literatura de testemunho.
O Holocausto inspirou muitas de suas obras como “Liquidação” e “A Língua Exilada”, publicadas pela Companhia das Letras, e “Ausência de Destino” -um relato sobre a experiência de um jovem como prisioneiro em um campo de extermínio nazista-, que saiu pela Carambaia.
MAGDA SZABÓ
Em 1917, no seio de uma família protestante, nasceu Magda Szabó, que viria a ser uma grande voz da literatura europeia do último século. Traduzida para mais de 30 idiomas, ela morreu em 2007.
Szabó começou sua carreira de escritora no pós-guerra, quando publicou dois volumes de poesia. Em meio ao seu sucesso, foi declarada inimiga do Estado húngaro por não concordar com o regime comunista.
Após dez anos em que foi impedida de publicar, retornou com obras em que explora particularmente as relações femininas. “A Porta”, o livro que lhe deu projeção internacional, saiu no Brasil pela Intrínseca. A obra narra o relacionamento entre uma escritora e a mulher que contratou para trabalhar em sua casa. O livro inspirou um filme estrelado por Helen Mirren.
ÁGOTA KRISTÓF
Kristóf nasceu na Hungria, em Csikvánd, mas se radicou na Suíça, onde morou até sua morte em 2011, aos 75 anos. Escreveu o principal de sua obra em francês.
Seus romances, contos e dramaturgias versam sobre uma Europa cindida pela Segunda Guerra Mundial e sobre o domínio soviético no Leste Europeu.
No Brasil, a editora Nós lançou seu “A Analfabeta” e a Dublinense publicou recentemente “O Grande Caderno”, “A Prova” e “A Terceira Mentira”, que compõem a “Trilogia dos Gêmeos”, série celebrada que nunca havia sido editada no Brasil.
Os três livros juntos fizeram de Kristóf um dos maiores nomes da literatura europeia do século 20 -a autora constrói a história de dois irmãos que se separam, começando na primeira pessoa do plural e terminando com duas primeiras pessoas do singular.