CAMAÇARI, BA (FOLHAPRESS) – A montadora chinesa BYD realiza nesta quinta (9) um novo evento de inauguração de sua fábrica em Camaçari (BA). Dessa vez, há carros prontos para serem exibidos.
De acordo com a empresa, o processo de produção no regime SKD (carros são importados parcialmente montados) teve início na última semana de julho, alguns dias após a licença ambiental ter sido concedida.
Os modelos nacionalizados começam a ser distribuídos para as concessionárias na próxima semana, segundo a fabricante. O pátio da fábrica está repleto de modelos elétricos, como o Dolphin Mini, e de SUVs e sedãs híbridos.
Em junho, data da primeira cerimônia na planta, ainda não havia montagem local de veículos.
A montadora planeja migrar do regime SKD para o CKD ao longo de 2026. Dessa forma, os carros passarão a vir completamente desmontados da China, o que exige mais etapas industriais e, por consequência, ajuda a montadora a obter mais incentivos tributários e redução no Imposto de Importação.
No fim de agosto, a empresa anunciou um plano para alcançar o índice de 50% de componentes feitos no Brasil até 2027.
A seleção de fornecedores ocorrerá por meio de um programa chamado BYD Quer Conhecer Você, com incentivo à instalação de novas empresas na região da fábrica. O prazo previsto pela montadora é otimista. O único fornecedor relevante confirmado até agora é a Continental, que produz pneus.
O segundo evento de inauguração tem a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de representantes da indústria, como Igor Calvet, presidente da Anfavea (associação das montadoras). É um ganho político para a montadora chinesa, que teve problemas institucionais neste ano.
Entre junho e julho, as associações que reúnem as montadoras e as fabricantes de autopeças tentaram convencer o governo federal a não aceitar o pleito da BYD, que solicitava a redução do Imposto de Importação sobre os kits de carros desmontados parcialmente ou totalmente. São os regimes conhecidos como CKD e SKD.
Pela proposta, a taxa cairia de 18% (SKD) ou 20% (SKD) para 5% e assim permaneceria por 36 meses, interrompendo o ciclo de recomposição previsto para se encerrar em julho de 2028.
No fim, houve mudanças na regra, mas não da forma desejada pela empresa chinesa. O governo decidiu antecipar o retorno da alíquota plena de 35% para janeiro de 2027. Por outro lado, foram concedidas quotas adicionais de importação com alíquota zero para kits CKD e SKD de veículos eletrificados durante seis meses, que somam US$ 463 milhões.
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O jornalista viajou a convite da BYD