RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Ramon Abatti Abel está no topo da pirâmide da arbitragem e, como é do quadro da Fifa, somou o valor bruto de R$ 56 mil em taxas pela atuação nos jogos de torneios organizados pela CBF nos últimos 60 dias.
Até que apareceram os erros no São Paulo x Palmeiras, pelo Brasileiro. Por consequência, o período fora das escalas.
A “geladeira” gera incerteza sobre a data de retorno e, consequentemente, quando ele vai voltar a ver o dinheiro caindo na conta.
No momento, Abatti vive exclusivamente da arbitragem. Neste ano, passou por um bom momento ao participar do Mundial de Clubes da Fifa. Mas agora tem um indesejado jogo problemático para chamar de seu.
Isso o levou para a gangorra financeira da vida de árbitro. Se em um mês pode cair relativamente muito na conta, isso não é certo para o mês seguinte.
Entre 6 de agosto e 5 de outubro, ele atuou em oito partidas de torneios nacionais. Foram cinco na Série A, cuja taxa é R$ 7.280 por jogo. O valor líquido é menor, devido aos descontos de imposto de renda e INSS.
Quando apitou a Série C, em setembro, uma medida da CBF para reforçar o nível da arbitragem em jogos decisivos, Abatti ganhou R$ 5.130.
Já a cota dos dois jogos de Copa do Brasil que ele fez foi R$ 7.330.
Separando o que Abatti arrecadou dentro de cada mês, a divisão fica:
– Agosto: R$ 29.220,00
– Setembro: R$ 12.410,00
– Outubro: R$ 14.560,00
A diferença de valores já reforça o grau de instabilidade da remuneração da arbitragem. Abatti vive exclusivamente da atividade, embora ainda não esteja em prática o projeto de profissionalização dos árbitros na CBF.
NA MIRA DO STJD
Afastado das escalas por causa dos erros, Ramon Abatti Abel passará por um período de treinamentos e reavaliação antes de ser colocado em campo novamente pela comissão de arbitragem.
E tem mais: pode levar um gancho formal no STJD, já que ele foi denunciado pela procuradoria do tribunal por “deixar de observar as regras da modalidade”.
Em entrevista ao UOL, a árbitra Edina Alves Batista deu voz a como a classe enxerga cobranças e erros.
“Em um lance, as pessoas nos crucificam. Mas quantos passes o jogador erra? Ele erra por que quer? Jamais. Igual o árbitro. O árbitro é o mais cobrado. A gente é ser humano comum. A pressão é normal. Quem vive no futebol vive na pressão também. Mas essa tolerância tem que melhorar um pouco com a arbitragem”, disse Edina, retornando ao ponto “sensível” do dinheiro:
Nós amamos o que fazemos. E quando entramos lá dentro daquele campo de jogo, nós damos o nosso melhor. Porque nós ganhamos quando estamos lá dentro. Quando estamos fora, não ganhamos nada. A gente não vai para o banco e está ganhando salário. Não! A gente fica em casa sem jogo.