BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A bancada governista na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do INSS conseguiu, nesta quinta-feira (9), barrar um requerimento de quebra de sigilo de Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que aparece como beneficiário de repasse de R$ 3 milhões de uma das empresas investigadas, a Arpar Participações.

A rejeição foi por 17 votos a 13. Como mostrou a Folha, o governo se reorganizou e passou a ter a maioria dos votos no colegiado. Alcolumbre é um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O requerimento, que foi apresentado pelo deputado bolsonarista Carlos Jordy (PL-SC), determinava a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do ex-chefe de gabinete do presidente do Senado. Também requisitava ao Coaf um relatório sobre transações financeiras de Paulo Boudens.

Alcolumbre sofreu uma derrota na instalação da CPI. Ele apoiava o nome de Omar Aziz (PSD-AM) para presidir o colegiado. O eleito, porém, foi o senador Carlos Viana (Podemos-MG), graças a uma articulação de políticos de oposição horas antes da votação.

O requerimento de Jordy foi o único disputado no voto nesta quinta. Os demais foram aprovados por acordo, sem contar os apoios.

A CPI aprovou as convocações de Danilo Trento, empresário supostamente envolvido no esquema de descontos irregulares em aposentadorias e de Eric Douglas Martins Fidelis, filho do ex-diretor do INSS André Fidelis, cujo escritório de advocacia teria sido usado para intermediar recebimento de recursos dos descontos, segundo as investigações.

Também foi convocado o advogado Eli Cohen, que investigou o início do esquema e já foi ouvido pela CPI em suas primeiras reuniões. Cohen teria sido instruído por integrantes do PL e sugerido, em áudio, que poderia negociar seu depoimento, de acordo com notícias divulgadas na imprensa –ele negou irregularidades.

Além disso, o colegiado decidiu quebrar o sigilo de Milton Baptista de Souza Filho, presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), entidade que tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão de Lula.

A CPI aprovou, ainda, um requerimento de convite para que o ex-ministro da CGU (Controladoria-Geral da União) Wagner Rosário, que comandou o órgão durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), fale ao colegiado.

A deliberação foi antes do depoimento do presidente do Sindinapi, Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo.

O sindicalista está protegido por um habeas corpus concedido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino. A decisão deu ao depoente o direito de ficar em silêncio durante o depoimento.

O Sindnapi é um dos principais alvos da oposição ao governo Lula na CPI, por ter um irmão do petista como dirigente. Uma das prioridades dos aliados do Palácio do Planalto é blindar o irmão de Lula das quebras de sigilo.