RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A renda obtida com o trabalho pesa mais nos lares do Centro-Oeste e menos em domicílios do Nordeste. É o que indicam dados do Censo Demográfico 2022 divulgados nesta quinta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo a contagem da população, a renda do trabalho respondia por 75,5% do rendimento domiciliar total no país. Esse percentual chegava a 80,6% no Centro-Oeste, o maior patamar das grandes regiões, e baixava a 67,9% no Nordeste, o menor nível.

As outras fontes incluem recursos diversos, como benefícios sociais, aposentadorias e aluguel, por exemplo. O recenseamento, contudo, não detalhou cada uma delas.

Como o Censo é relativo a 2022, não capta toda a recuperação do emprego e da renda após as restrições da pandemia.

“O rendimento domiciliar é muito influenciado pela dinâmica do mercado de trabalho. Três quartos [no Brasil] são compostos pela renda do trabalho, mas há diferenciações regionais”, disse André Simões, analista do IBGE.

O instituto destacou que o Centro-Oeste reunia os dez municípios com as maiores participações do rendimento do trabalho na renda domiciliar total. Oito dessas cidades são de Mato Grosso.

A liderança ficou com Querência (MT), onde o trabalho respondia por 93,7% do rendimento domiciliar em 2022. Sapezal (93,5%), Primavera do Leste (92,9%) e Campo Novo do Parecis (92,8%), todos em Mato Grosso, vieram na sequência.

Chapadão do Sul (MS), Sorriso (MT), Chapadão do Céu (GO), Santa Cruz do Xingu (MT), Campos de Júlio (MT) e Alto Taquari (MT) completam a lista. Todos mostraram proporções acima de 91%.

Dos 20 maiores percentuais do país, 17 foram verificados em cidades de Mato Grosso. “Mato Grosso e Centro-Oeste são uma região de muito dinamismo econômico por conta da agroindústria. Têm um nível de ocupação mais elevado também, e isso se reflete no peso da renda do trabalho no rendimento total”, afirmou André.

O IBGE também destacou que o Nordeste concentrava os dez municípios com as menores participações do rendimento do trabalho.

Seis dessas cidades ficam no Piauí, incluindo Vera Mendes e Jurema, que mostraram as proporções mais baixas do país: 23% e 24,8%, respectivamente.

A lista com as menores participações da renda do trabalho ainda é composta por Venha-Ver (RN), São Francisco do Piauí (PI), Pau D’Arco do Piauí (PI), Wall Ferraz (PI), Manari (PE), Vieirópolis (PB), Fartura do Piauí (PI) e Olho d’Água Grande (AL). Nessas localidades, os percentuais variaram de 24,8% a 31,8%.

Historicamente, estados do Nordeste sentem os efeitos de um dinamismo econômico menor. Isso, segundo analistas, reflete uma série de fatores, desde a formação das comunidades em meio a problemas como a escravidão até dificuldades de infraestrutura.

Outras fontes, sem contar o trabalho, responderam por 24,5% do rendimento domiciliar dos brasileiros, conforme o Censo 2022.

O peso da renda de outras fontes varia de 19,4% no Centro-Oeste, o menor patamar das grandes regiões, a 32,1% no Nordeste, o maior nível.

O ano de 2022 teve a ampliação de beneficiários do programa Auxílio Brasil (atual Bolsa Família) pelo governo Jair Bolsonaro (PL) antes das eleições presidenciais. O programa também contou com o aumento do benefício de R$ 400 para R$ 600 a partir de agosto daquele ano.

As informações do Censo sobre rendimentos, contudo, são referentes ao mês de julho de 2022, indicou o IBGE. As entrevistas da pesquisa começaram em 1º de agosto, após atrasos em razão da pandemia e de restrições de verba.

O IBGE não divulgou dados comparáveis do recenseamento anterior, relativo a 2010.