RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O Distrito Federal mostrou o maior nível de desigualdade de renda das unidades da federação em 2022, enquanto Santa Catarina teve a menor disparidade.
É o que aponta um novo recorte do Censo Demográfico divulgado nesta quinta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para medir a desigualdade, o levantamento utiliza o índice de Gini, que varia de 0 (igualdade máxima) a 1 (disparidade máxima). Quanto maior o número, maior é o abismo entre ricos e pobres.
A análise considera a renda mensal domiciliar per capita (por pessoa) de diferentes fontes (trabalho e outras).
O Gini do Distrito Federal foi de 0,584 em 2022, em torno de 29% maior do que o de Santa Catarina (0,452). Na média do Brasil, o coeficiente ficou em 0,542.
O IBGE não divulgou dados diretamente comparáveis do recenseamento anterior, relativo a 2010.
O Rio de Janeiro teve a segunda maior desigualdade de renda medida pelo Gini em 2022 (0,574). Roraima (0,572), Amazonas (0,572) e Pernambuco (0,564) vieram na sequência.
No outro extremo, o Paraná mostrou o segundo menor Gini do país (0,482), acima apenas do verificado em Santa Catarina. O terceiro valor mais baixo foi encontrado no Rio Grande do Sul (0,484). São os três estados da região Sul.
O Sul, aliás, é a região menos desigual do país. O Gini local foi de 0,476 em 2022, em torno de 12% abaixo da média brasileira (0,542).
O Norte (0,545) teve o maior nível de disparidade. Foi o único acima do nacional. Nordeste (0,541), Centro-Oeste (0,531) e Sudeste (0,530) completaram a lista.
Um mesmo local pode ter renda média alta e, ao mesmo tempo, desigualdade elevada.É o caso do Distrito Federal, conhecido por reunir órgãos públicos, inclusive uma parcela de servidores com grandes salários.
A média de rendimento per capita local (R$ 2.999) foi a maior do país em 2022, seguida pelo valor de Santa Catarina (R$ 2.220).
A série histórica de outra pesquisa do IBGE, a Pnad Contínua, mostra que a desigualdade de renda medida pelo Gini caiu no país em 2022 (0,518), após registrar alta em 2021 (0,544).
Ainda de acordo com a Pnad, o indicador ficou estável em 2023 (0,518) e voltou a recuar em 2024 (0,506), renovando o menor patamar de uma série histórica iniciada em 2012. Os dados do ano passado foram divulgados em maio de 2025.
O Censo e a Pnad, contudo, não são comparáveis devido a diferenças metodológicas.
O IBGE indicou que o recenseamento se concentrou no mês de referência (julho de 2022), enquanto a outra pesquisa traça uma média para cada ano.
Distrito Federal e Santa Catarina também foram os extremos da distribuição de renda na Pnad de 2024.
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DESIGUALDADE DE RENDA MEDIDA PELO ÍNDICE DE GINI EM 2022
Variação de 0 (igualdade máxima) a 1 (disparidade máxima)
Distrito Federal 0,584
Rio de Janeiro 0,574
Roraima 0,572
Amazonas 0,572
Pernambuco 0,564
Sergipe 0,557
Rio Grande do Norte 0,555
Acre 0,547
Amapá 0,542
Brasil 0,542
Pará 0,539
Alagoas 0,538
Paraíba 0,536
Ceará 0,536
Bahia 0,531
São Paulo 0,525
Maranhão 0,525
Piauí 0,520
Tocantins 0,511
Espírito Santo 0,505
Mato Grosso do Sul 0,503
Goiás 0,501
Mato Grosso 0,496
Minas Gerais 0,495
Rondônia 0,489
Rio Grande do Sul 0,484
Paraná 0,482
Santa Catarina 0,452
Fonte: Censo 2022 (IBGE)