SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Vencedor do Nobel de Literatura deste ano, conforme anunciado nesta quinta-feira (9), o romancista húngaro László Krasznahorkai não restringe sua obra aos livros. “Sátántangó”, considerada sua obra-prima, de 1985, inspirou o filme “O Tango de Satã”, de 1994, dirigido pelo cineasta Béla Tarr, que adapta todo o romance em mais de sete horas.
A obra acompanha os habitantes de uma pequena vila húngara decadente após o fim do comunismo, que é agitada pela iminente chegada de um homem chamado Irimias um sujeito que mistura traços de profeta, vagabundo, “clown”, ou que pode ser o próprio demônio.
Dividido em capítulos numéricos que ora avançam, ora retrocedem, assumindo diversas perspectivas diferentes, o livro simula o movimento de um tango, traduzido no filme em tomadas longuíssimas e hipnotizantes, por vezes monótonas, num preto e branco suntuoso, que mergulham o espectador no cotidiano frio e sujo daquelas personagens, além de reforçar os traços metalinguísticos do livro.
Krasznahorkai participou deste e de outros roteiros, sempre com Tarr, desde 1988, com “Maldição”. Depois de “Sátántangó”, seu livro “The Melancholy of Resistance” ou a melancolia da resistência, não publicado no Brasil rendeu o filme “A Harmonia Werckmeister”, de 2000.
Na mesma linha do antecessor, o filme acompanha moradores de uma vila pacata que se inflama após a chegada de um circo que traz consigo a carcaça de uma baleia gigante e um homem misterioso chamado de Príncipe.
Em 2007, assina o roteiro de “O Homem de Londres”, adaptando dessa vez um romance do belga Georges Simenon. Com Tilda Swinton no elenco, o filme acompanha o controlador de uma estação de trem que presencia um assassinato e, sem querer, assusta o criminoso ao abrir uma porta e se depara com uma mala de dinheiro.
Sua colaboração mais recente foi em “O Cavalo de Turin”, de 2011, vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim, e que Tarr anunciou, à época, como sua aposentadoria. Mas ele considerado um dos maiores cineastas dos últimos 40 anos, e reverenciado por nomes como Gus Van Sant e Susan Sontag segue produzindo longas e curtas de outros diretores, além de ter montado a videoinstalação “Missing People”, em 2019, na Berlinale.