(UOL/FOLHAPRESS) – A comunidade internacional comemorou a assinatura da primeira fase do cessar-fogo entre Israel e Hamas, que deve entrar em vigor nas próximas horas desta quinta-feira (9).
O QUE ACONTECEU
“Luta deve parar de uma vez por todas”, disse secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, ao pedir a libertação de todos os reféns “de maneira digna”. Ele também mencionou a necessidade de um cessar-fogo permanente e pediu a entrada imediata e desimpedida de ajuda humanitária em Gaza.
Um fim definitivo da guerra também foi pedido pelo presidente palestino, Mahmud Abbas. Ele disse que esperava que o acordo fosse “um prelúdio para alcançar uma solução política permanente”, resultando no estabelecimento de um Estado Palestino independente.
Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que o acordo era “bem vindo” e elogiou os acenos de Israel e do Hamas. Ela também elogiou os esforços diplomáticos dos EUA, do Qatar, Egito e Turquia. A chefe da Política Externa da União Europeia, Kaja Kallas, classificou o acordo como uma “grande realização diplomática” e uma “chance real” de encerrar o conflito e libertar os reféns.
Esta é a oportunidade de traçar um caminho político confiável rumo à paz e à segurança duradouras. Um caminho firmemente ancorado na solução de dois Estados.Ursula von der Leyen, presidente da União Europeia
Primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, aliada de Trump, chamou a notícia de “extraordinária” e o presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou a esperança de que o acordo abra caminho para uma “solução política”. O chanceler alemão, Friedrich Merz, considerou os desenvolvimentos “encorajadores” e se disse “confiante” em uma solução nesta semana.
Um dos maiores críticos de Israel, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez afirmou que deseja que as “atrocidades vividas nunca se repitam”. O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, por sua vez, elogiou os esforços diplomáticos “incansáveis” dos mediadores e descreveu o acordo como como um “primeiro passo crucial”.
A Turquia, por sua vez, destacou o papel dos Estados Unidos no acordo. O presidente Recep Tayyip Erdogan agradeceu especificamente a Donald Trump por demonstrar “a vontade política necessária para encorajar o governo israelense em direção ao cessar-fogo”.
A China também se manifestou, reiterando a esperança de um “cessar-fogo permanente e abrangente” em Gaza o mais rápido possível. O porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, disse que “a China defende a adesão ao princípio de que ‘os palestinos devem governar a Palestina'”.
ENTENDA CESSAR-FOGO
Israel e Hamas assinaram nesta quarta-feira (8) a primeira fase do cessar-fogo na Faixa de Gaza, que deve entrar em vigor nesta quinta-feira. O governo de Benjamin Netanyahu se reúne nesta manhã para formalizar os próximos passos da retirada de tropas e troca de prisioneiros palestinos por reféns.
Primeiro-ministro Netanyahu agradeceu a Trump e aos soldados israelenses. “Agradeço aos bravos soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF) e a todas as forças de segurança, graças à sua coragem e sacrifício, chegamos a este dia. Agradeço do fundo do meu coração ao Presidente Trump e à sua equipe por se mobilizarem para esta missão sagrada de libertar os nossos reféns”.
Hamas também confirmou o acordo com Israel. “Apreciamos profundamente os esforços dos nossos irmãos mediadores no Catar, Egito e Turquia. Também valorizamos os esforços do presidente dos EUA, Donald Trump, que busca o fim definitivo da guerra e a retirada completa da ocupação da Faixa de Gaza.”
Grupo extremista cobra que Israel cumpra todos os requisitos do acordo. “Apelamos ao presidente Trump, aos Estados garantidores do acordo e a vários partidos árabes, islâmicos e internacionais para que obriguem o governo de ocupação a implementar integralmente os requisitos do acordo e não permitam que ele se esquive ou atrase a implementação do que foi acordado”.
Troca de reféns deve acontecer nas 72h seguintes à implementação do acordo. Segundo a AFP, os palestinos que podem ser soltos se dividem entre condenados à prisão perpétua e detidos por Israel desde o início do conflito.
20 reféns israelenses seguem supostamente vivos após dois anos em cativeiro. O estado de saúde, assim como o destino deles, porém, é incerto. Em alguns casos, reféns que se acreditavam vivos retornaram a Israel em um caixão, como o franco-israelense Ohad Yahalomi, em fevereiro.
Estamos prontos para qualquer cenário, diz Exército de Israel. “O chefe do Estado-Maior instruiu todas as forças, tanto nas linhas da frente quanto nas áreas de retaguarda, a preparar defesas fortes e estar prontas para qualquer cenário. […] Ao mesmo tempo, o Chefe do Estado-Maior instruiu a preparação para liderar a operação de retorno dos reféns, que deve ser conduzida com sensibilidade e profissionalismo”, diz trecho do comunicado.
ANÚNCIO DE TRUMP
Donald Trump anunciou uma primeira fase para o acordo de paz em Gaza, assinado por Israel e Hamas. Trump fez anúncio em sua rede Truth Social e disse que Israel vai retirar tropas. Além disso, afirmou que “todos os reféns serão libertados”.
Tenho muito orgulho em anunciar que Israel e o Hamas assinaram a primeira fase do nosso Plano de Paz. Isso significa que TODOS os reféns serão libertados em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como os primeiros passos em direção a uma paz forte, duradoura e eterna Donald Trump
Presidente dos EUA disse que “todas as partes serão tratadas com justiça”. “Grande dia para o mundo árabe e muçulmano, para Israel, para todas as nações vizinhas e para os Estados Unidos da América, e agradecemos aos mediadores do Catar, Egito e Turquia, que trabalharam conosco para que este evento histórico e sem precedentes acontecesse”.
Mediador do Qatar disse que detalhes do acordo serão anunciados posteriormente. “Os mediadores anunciam que hoje à noite foi alcançado um acordo sobre todas as disposições e mecanismos de implementação da primeira fase do acordo de cessar-fogo em Gaza, que levará ao fim da guerra, à libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos e à entrada de ajuda humanitária. Os detalhes serão anunciados posteriormente”, escreveu Majed Al Ansari, porta-voz do ministério de Relações Exteriores.