SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta quarta-feira (8) a prisão do prefeito de Chicago, Brandon Johnson, e do governador de Illinois, J.B. Pritzker, acusando os dois democratas de não protegerem os agentes federais de migração, sem apresentar qualquer evidência.
Os comentários ocorrem após o republicano ordenar o envio de tropas da Guarda Nacional para Chicago, a terceira maior cidade do país, e pouco antes de outra figura que ele vê como rival político, o ex-diretor do FBI James Comey, comparecer a um tribunal para enfrentar acusações criminais amplamente vistas como frágeis.
“O prefeito de Chicago deveria estar na cadeia por não proteger os agentes do ICE! O governador Pritzker também!”, escreveu Trump em sua plataforma, a Truth Social, em referência aos funcionários do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos EUA.
Trump frequentemente pediu a prisão de seus oponentes desde que entrou na política em 2015, mas Comey é o primeiro a enfrentar um processo judicial. Representantes de Johnson e Pritzker não puderam ser contatados imediatamente para comentar.
Centenas de soldados da Guarda Nacional do Texas se reuniram em uma instalação do Exército nos arredores de Chicago a despeito das objeções de Pritzker, Johnson e outros líderes democratas no estado. Trump ameaçou enviar tropas para mais cidades dos EUA também, apesar de uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada nesta quarta ter mostrado que a maioria dos americanos se opõe ao envio de tropas na ausência de uma ameaça externa.
Durante o final de semana, uma juíza federal proibiu temporariamente Trump de enviar 200 soldados da Guarda Nacional para Portland, no Oregon, em resposta a protestos contra a política anti-imigração do governo.
Na segunda, no entanto, um tribunal de apelações suspendeu essa medida. Na prática, o painel de juízes permitiu a tomada do controle das tropas do estado por parte do governo federal, mas ainda manteve a restrição para o envio dos agentes a qualquer lugar do estado. O tribunal decidiu de tal forma, segundo o texto, enquanto analisa o pedido de recurso do governo.
Na tarde desta quarta-feira (8), Trump organizou uma rodada de conversas sobre o movimento Antifa, grupo descentralizado de combate ao fascismo e ao racismo. O presidente reuniu na Casa Branca seus principais assessores e diversos influenciadores de direita que reclamaram de ações da Antifa ao longo dos anos, acusando ativistas de estarem em protestos e promoverem atos de violência.
Os influenciadores de direita afirmaram que o grupo estaria por trás de protestos em Portland, que tem sido condenados por Trump, e pediram que o presidente designe o movimento como grupo terrorista estrangeiro. O republicano já o classificou como terrorista, embora as consequências práticas da medida sejam nebulosas, porque a Antifa não é exatamente um grupo organizado, mas um movimento descentralizado, do qual fazem parte ativistas críticos de esquerda.
Trump e o Departamento de Defesa haviam ordenado o envio de militares da Guarda Nacional do Oregon para a cidade, a mais populosa do estado do oeste dos EUA, em um período de 60 dias. A juíza Karin Immergut, ao bloquear a decisão, classificou a ação de infundada e determinou a suspensão da mobilização dos agentes federais.
Ainda durante o domingo, porém, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, que despontou como o principal opositor de Trump a nível nacional, disse que o governo mobilizou 300 membros da Guarda Nacional de seu estado, vizinho do Oregon, e os enviou para Portland. Depois, um comunicado do Pentágono confirmou o deslocamento de 200 soldados, decisão que violou a ordem da magistrada e, com a determinação do tribunal de apelações, segue em desacordo com a decisão judicial.