SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A 5ª Vara da Fazenda Pública e Tutelas Coletivas do Tribunal de Justiça do Pará concedeu liminar para restringir a alta dos preços de hospedagem nas plataformas Booking.com e Agoda durante o período da COP30, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas.

A decisão obriga os sites a limitarem o aumento das diárias em até três vezes o valor da alta temporada na cidade e a comunicarem os hotéis e pousadas com valores exagerados. Também impõe uma multa de R$ 50 mil por dia em caso de descumprimento das medidas.

A determinação atende a uma ação movida em setembro pela Defensoria Pública do Estado do Pará. O processo corre em segredo de justiça.

A Booking.com afirma que colabora com as autoridades estaduais desde setembro de 2024 e diz que está em diálogo com as partes interessadas para avançar em discussões conciliatórias. “A empresa vem contribuindo com os esforços de organização da COP30, com foco na ampliação da oferta de acomodações em Belém.”

A reportagem procurou a plataforma Agoda. Não houve retorno até a publicação do texto.

A Defensoria embasou a ação com um levantamento que identificou um aumento de até 20 vezes em pacotes de hotéis e pousadas em relação ao período do Círio de Nazaré.

A celebração em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré é um dos principais eventos de Belém e atraiu 2 milhões de pessoas em 2024, segundo o governo estadual. Neste ano, a procissão acontecerá em 12 de outubro, com programações durante todo o mês. A conferência da ONU será realizada de 10 a 21 de novembro e tem público estimado em 50 mil visitantes.

O levantamento considerou uma estadia de dez noites a fim de comparar as duas ocasiões: de 6 a 16 de outubro para o Círio e de 11 a 21 de novembro para a cúpula climática. As consultas foram feitas em 11 de setembro e envolvem acomodações iguais em ambos os períodos.

Os preços altos praticados pelos hotéis e plataformas de hospedagem em Belém geraram uma crise que extrapolou a política nacional e transbordou para a diplomacia.

Como revelou a Folha, em julho, dezenas de negociadores enviaram uma carta a Lula e ao secretário-executivo da UNFCCC (o braço climático da ONU) pressionando para que ao menos parte da cúpula acontecesse em outra cidade.

O governo brasileiro negou esta possibilidade, e criou uma força-tarefa para encontrar hospedagem para as delegações de todos os quase 200 países que compõe a COP, um a um.

Até esta segunda-feira (6), porém, apenas 87 nações haviam confirmado ao governo brasileiro ter garantido um lugar para ficar em Belém durante a cúpula.