SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira (8) a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a comercialização de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol na capital.

A comissão terá sete membros, a serem indicados pelos líderes das bancadas, e duração inicial de 120 dias, prorrogáveis. O requerimento para abertura da CPI foi protocolado pela vereadora Zoe Martínez (PL) na quinta-feira (2).

De acordo com o Regimento Interno da Câmara, os líderes têm até 15 dias para indicar os membros da CPI, que será aberta ao final desse prazo.

O pedido de CPI ocorre em meio ao aumento dos casos de intoxicação pela substância no estado.

A comissão pretende ouvir vítimas e representantes de estabelecimentos suspeitos, além de fiscalizar notas fiscais, selos de autenticidade e origem dos produtos vendidos.

O objetivo é responsabilizar criminalmente envolvidos em adulteração, garantir atendimento médico adequado às vítimas e propor medidas de fiscalização mais rígidas.

Na terça, o estado de São Paulo registrou 18 casos confirmados de intoxicação por metanol e descartou 38 suspeitas após análises clínicas. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, há 176 notificações e 10 mortes, sendo três confirmadas e sete em investigação.

Os dados do Brasil não foram atualizados na terça. A expectativa é de que o Ministério da Saúde divulgue novo boletim nesta quarta (8).

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse nesta terça-feira (7) que a Polícia Federal investiga se bebidas alcoólicas foram adulteradas com o metanol que teria sido abandonado após ação policial contra a infiltração do crime organizado em postos de combustível e no setor financeiro.

Na segunda (6), o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse que a principal linha de investigação no estado é o uso de etanol de baixa qualidade na falsificação de bebidas.

“A principal suspeita da Polícia Civil é que, durante o processo de adulteração, o etanol que está sendo utilizado para fazer a adulteração em produções clandestinas seja um etanol de baixa qualidade, que já vem contaminado com metanol”, afirmou Derrite.

O secretário também voltou a dizer que a polícia local descartou uma relação dos casos de intoxicação por metanol com o crime organizado.

O Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo descartou que o metanol encontrado em algumas garrafas de destilados apreendidas pela Polícia Civil seja resultado da destilação natural. De acordo com a perícia, as altas concentrações identificadas indicam que a substância foi adicionada às bebidas.

“Pode-se afirmar, até o momento, e de acordo com as concentrações encontradas em dois lotes, que o metanol foi adicionado, não sendo, portanto, produto de destilação natural”, disse a polícia em nota.

As autoridades não informaram a quantidade de garrafas analisadas, nem o percentual de metanol verificado. Também não divulgaram os nomes dos estabelecimentos nos quais essas bebidas foram apreendidas —segundo a polícia, a divulgação pode atrapalhar as investigações.