BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A megaoperação da Polícia Federal desta quarta-feira (8) contra crimes de abuso sexual de crianças e adolescentes teve como alvos aliciadores de crianças e adolescentes, que ganhavam confiança de crianças oferecendo prêmios em troca de imagens.
De acordo com a coordenadora de Combate a Crimes Cibernéticos Relacionados ao Abuso Sexual Infantojuvenil da PF, Rafaella Parca, eles criavam perfis falsos em redes sociais, jogos online ou aplicativos de mensagens, para se aproximarem de crianças.
Os chamados “abusadores cibernéticos” procuravam ganhar a confiança de crianças, com o objetivo de ter relações sexuais ou fazer com que se expusessem de maneira sexual, com o envio de imagens, segundo a delegada.
“Muitas vezes, o pedido era feito em troca do oferecimento de moedinhas virtuais em aplicativos, posições de destaque em grupos, celulares e dinheiro, via Pix, com a promessa do abusador de que não mostraria a ninguém o conteúdo”, disse a delegada.
Também era usado como estratégia dar atenção às crianças que, muitas vezes, não recebem em casa, segundo a coordenadora.
“Os abusadores se aproveitam da carência ou inocência da criança ou do adolescente, se passando também por menores. Uma criança de 5, 6 anos já acha que o criminoso é amigo, enquanto nem deveria estar nos celulares”, afirmou.
Ela ainda disse que esse tipo de crime tem subido em ocorrências policiais, com o aumento do número de crianças com acesso a celulares, nem sempre com fiscalização dos responsáveis.
Um levantamento produzido a partir das bases de dados das pesquisas TIC Kids Online Brasil e TIC Domicílios, referentes aos anos de 2015 a 2024, apontou para o aumento da proporção de crianças usuárias de internet, acompanhada da antecipação da idade do primeiro acesso.
A pesquisa ressaltou o uso cada vez mais precoce do uso de internet. Há nove anos, apenas 9% das crianças de 0 a 2 anos, 26% das de 3 a 5 anos e 41% das de 6 a 8 anos usavam a internet. No ano passado, os números subiram para 44%, 71% e 82%, respectivamente.
Atualmente, a indicação de organizações da saúde é que crianças até dois anos tenham acesso restrito às telas. Para os pequenos entre 3 e 5, a recomendação é que o uso seja até uma hora por dia, e, para a faixa de 6 a 10 anos, o uso deve ser até duas horas diárias.
Parca também alerta que os pais devem estar sempre atentos à conduta dos filhos nas redes sociais e conversar sobre os sinais que identificam o abuso sexual.
Ela ainda afirma que os abusadores não têm perfil traçado, como idade ou classe social, ou profissões, e que há bombeiros, professores, policiais, técnicos de TI, desempregados, pedreiros, menores de idade, entre outros.
ENTENDA A OPERAÇÃO
A operação desta quarta, realizada em todos os estados e DF, em conjunto com as polícias civis estaduais, prenderam ao menos 55 pessoas. Três vítimas foram resgatadas.
A operação mirou no compartilhamento, na produção e na venda de material de abuso sexual infantil na internet, além de estupro de vulnerável.
Todo o material de conteúdo sexual apreendido pela polícia também será retirado de circulação. Segundo a delegada, só em uma das residências, foram encontradas 5.000 imagens.