SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Rildo Soares dos Santos, de 33 anos, foi indiciado nesta terça-feira (7) em Rio Verde (GO) por estupro, feminicídio, roubo e ocultação de cadáver. Ele é investigado sob suspeita de ter cometido mais de 10 assassinatos em Goiás e na Bahia.

Agentes do GIH (Grupo de Investigação de Homicídios) concluíram investigação da morte de Elisângela da Silva Souza, de 26 anos. Agora, o caso será analisado pelo MP-GO (Ministério Público de Goiás), que decidirá se apresentará ou não uma denúncia contra Rildo.

Rildo foi preso em 11 de setembro suspeito de assassinar Elisângela. Ela foi morta na madrugada do mesmo dia, em um terreno baldio localizado no bairro Popular, quando seguia para o trabalho.

Câmeras de segurança gravaram os dois caminhando em direção ao terreno, que abriga destroços de um antigo lava-jato. Rildo permaneceu lá por 34 minutos. Segundo a polícia, ele esganou a vítima até que ela desmaiasse e depois deu vários golpes na cabeça. O corpo foi abandonado em um buraco de cimento, sem as roupas íntimas de baixo e coberto por pedras.

“O rosto da Elisângela ficou completamente destruído. É impossível precisar a quantidade de pancadas”, disse Adelson Candeo, delegado responsável pela investigação.

Homem é suspeito de dezenas de crimes em Goiás e na Bahia. As demais investigações seguem em paralelo.

Entre as vítimas estão Monara Pires Gouveia e Alexânia Hermógenes. Monara foi queimada viva após sofrer traumatismo craniano. Já Alexânia foi espancada e enterrada. As duas foram encontradas despidas das pernas para baixo.

Polícia Civil ainda investiga envolvimento do suspeito no espancamento de mulher trans. O caso também aconteceu de madrugada e em um terreno baldio de Rio Verde. A vítima, no entanto, alega que estava bêbada no momento do ataque e não consegue confirmar quem foi seu agressor.

COMO O HOMEM AGIA

Rildo usava roupas de gari para circular pelas ruas sem levantar suspeitas. Ele chegou a trabalhar por alguns dias na empresa de limpeza da cidade, mas não foi efetivado.

Após assassinatos, suspeito acompanhava o trabalho da perícia. O comportamento foi registrado depois das mortes confessadas por ele. Rildo ainda é investigado por três roubos e uma tentativa de latrocínio.

Na casa dele, investigadores encontraram oito bolsas, três bonecas e um par de sapatos femininos. A polícia suspeita que os itens são frutos de outros possíveis crimes. “Haverá outras histórias piores ou iguais a essa sobre o Rildo”, afirmou Candeo.

Homens também eram alvos. Rildo é casado, mas sua mulher não vive em Rio Verde. Ele morava com um homem que, segundo a polícia, disse que quase foi uma das vítimas. Ele contou à polícia que Rildo tentou invadir seu quarto de madrugada armado com uma faca. O agressor teria recuado quando percebeu que a vítima tinha um martelo e estava preparada para reagir.

Outro homem sobreviveu a ataque de Rildo. Ele foi atacado enquanto dormia dentro de um carro, quando o dia estava prestes a amanhecer. A vítima teve o pescoço cortado, mas conseguiu escapar do veículo e pedir ajuda. O carro foi roubado e incendiado. As chaves e outros pertences dele foram encontrados na casa de Rildo.

‘CIDADÃO VIOLENTO’, DIZ DELEGADO

Suspeito já havia roubado e incendiado carro do patrão, além de colocar fogo na casa de Monara. “Ele tem essa coisa com fogo, precisa colocar fogo em algo”, disse o delegado Candeo.

Homem também é suspeito de crimes antigos na Bahia. Na lista estão um roubo, homicídios e estupro. Nenhum dos crimes foi solucionado.

Apesar da escalada de crimes, Rildo mantinha aparência de homem comum. A esposa dele disse que nunca foi agredida pelo companheiro, mas relatou hábitos incomuns: caminhava de madrugada pelas ruas, e colecionava e escondia facas em diferentes pontos da casa, como se estivesse sempre preparado para reagir a uma invasão.

Delegado vê desvio de personalidade. “Ele não tem nenhuma causa de inimputabilidade. Tem plena consciência de seus atos. É um cidadão extremamente perverso e violento”, disse.

Defensoria Pública do Estado de Goiás atuou na defesa de Rildo, mas deixará caso. Em nota ao UOL, o órgão informou que “representou o investigado durante a audiência de custódia”, mas que largará o caso, pois está fora de sua região de atuação. Uma nova defesa deve ser atribuída a Rildo ou constituída por ele em breve, explicou a defensoria.