SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O adolescente que matou a tiros o senador da Colômbia Miguel Uribe foi condenado nesta quarta-feira (8) a sete anos de reclusão em um centro especializado para menores de 18 anos. O Tribunal Superior de Bogotá confirmou, em segunda instância, a condenação dada por um juiz pelos crimes de tentativa de homicídio e porte ilegal de armas.

O adolescente atirou contra Uribe durante um ato de campanha no mês de junho, em Bogotá. O pré-candidato à Presidência foi levado ao hospital e morreu cerca de dois meses depois, em 11 de agosto.

As investigações mostraram que o atirador foi contratado para executar o crime. Além do adolescente, outras cinco pessoas foram presas, incluindo José Arteaga Hernández, conhecido como El Costeño, apontado como suposto mentor logístico do ataque.

Após atingir Uribe com dois tiros na cabeça e outro na perna, o adolescente fugiu, mas foi detido pelos seguranças do político e pela polícia. Já preso, colaborou com as autoridades para que a polícia conseguisse identificar outras pessoas envolvidas no crime.

No fim de agosto, o adolescente foi condenado por um tribunal penal especial para menores, e a defesa recorreu. O caso foi revisado por uma câmara de três magistrados do Tribunal de Bogotá, que confirmou a sentença.

O adolescente já havia admitido sua culpa pelos crimes de tentativa de homicídio e porte ilegal de armas durante a acusação do Ministério Público.

Como o processo judicial avançou até a fase de acusação por esses crimes, ele foi julgado por tentativa de homicídio, e não por homicídio, já que a lei colombiana não permite alterar as acusações uma vez aceitas por um menor.

Trata-se de um princípio conhecido como “congruência estrita”.

A legislação colombiana estabelece penas mais brandas para infratores adolescentes. A pena máxima que ele poderia receber era de oito anos em um centro de atendimento especializado, independentemente da gravidade do crime cometido.

O assassinato de Urbine trouxe à tona o fantasma dos violentos assassinatos de políticos e presidenciáveis que levaram pânico à população nas décadas de 1980 e 1990.

Em agosto, Miguel Uribe Londoño, pai do senador morto, anunciou que assumirá o lugar do filho como pré-candidato do Centro Democrático às eleições presidenciais de 2026.

O partido, que é a principal legenda de direita do país, fará um processo de seleção interna para definir o candidato final, que deverá ocorrer entre dezembro e março do próximo ano.

Uribe Londoño é viúvo da jornalista Diana Turbay, mãe de Miguel, que foi mantida refém por um grupo ligado ao cartel de Medellín e morta na tentativa de resgate, em 1991 —a história é relatada no livro “Notícia de um Sequestro”, de Gabriel García Márquez (1927-2014).

Na época, Miguel tinha cinco anos, e Uribe Londoño era um empresário do setor cafeeiro.