SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Instituto Dakila, ligado ao caso do ET Bilu, afirmou que foi o próprio Governo de São Paulo quem o procurou para firmar uma parceria sobre o caminho o Caminho de Paebiru. Após reportagem da Folha de S.Paulo revelar o acordo, a entidade lançou nota com críticas ao jornal e à gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem acusa de ter desistido da parceria “ao primeiro sinal de pressão midiática”.
Firmado em junho de 2024, o protocolo de intenções com a Setur (Secretaria de Turismo) tinha como objetivo explorar o caminho. A rede de trilhas indígenas pré-colombianas atravessava a América do Sul e ligava o litoral brasileiro, na região de São Vicente, em São Paulo, aos Andes, no Peru.
O acordo foi cancelado seis meses depois, no dia 30 de dezembro, por falta de resultados.
“O protocolo de intenções firmado entre o Instituto Dakila e o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Turismo e Viagens, não foi uma iniciativa de Dakila, mas um pedido do próprio governo. Foram as autoridades estaduais que buscaram o instituto, reconheceram seu trabalho e propuseram formalmente a parceria, que foi celebrada em plena conformidade com os princípios da legalidade e da transparência.”
Segundo o instituto, o objetivo do protocolo era “oferecer conhecimento, tecnologia e legado científico ao Estado de São Paulo, em benefício do turismo, da pesquisa e do desenvolvimento”.
“Ao primeiro sinal de pressão midiática, o mesmo governo que buscou o instituto preferiu recuar. Tentou dar a entender que não sabia dos fatos, como se o que havia sido formalmente assinado e divulgado tivesse acontecido às escondidas. Tal comportamento, além de incoerente, revela o medo de sustentar a verdade diante da opinião pública e a falta de firmeza de quem deveria zelar pela seriedade das próprias decisões.”
No texto, o instituto também faz críticas ao jornal. “É chocante ver a Folha de S.Paulo, o jornal que um dia empunhou as bandeiras das Diretas Já e da liberdade de expressão, hoje se transformar em porta-voz do descrédito e da desinformação”, afirma.
“O veículo que um dia defendeu a democracia agora tenta silenciar a pesquisa independente, como se o pensamento livre fosse uma ameaça ao controle das narrativas. O símbolo da resistência à censura tornou-se instrumento de negação da ciência e de perseguição à verdade.”
Já o governo, procurado por meio da Setur, não comentou as críticas da Dakila. Afirmou apenas que a renúncia do protocolo de intenções, em dezembro de 2024, se deu por “falta de resultados ou avanços sobre a temática. Anterior a qualquer publicação.”
A pasta diz que segue empenhada no desenvolvimento de estudos do Projeto Turístico Rotas do Peabiru, integrado a projetos dos estados do Paraná e de Santa Catarina, rede brasileira de trilhas e com municípios paulistas e comunidade acadêmica.
A secretaria diz ainda que planeja, em novembro, um evento que vai reunir pesquisadores, escritores, gestores públicos e privados e comunidades indígenas para elaborar uma agenda comum sobre o Caminho de Peabiru.
Em 2024, o secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Roberto Lucena, elogiou Urandir na assinatura do protocolo. “Você que é meu irmão, que é meu amigo, muito obrigado pela sua amizade.” O momento foi registrado nas redes sociais da Dakila.
Apesar de o material divulgado não citar Ratanabá, suposta cidade cuja existência não é reconhecida por arqueólogos e pesquisadores e que teria sido fundada por extraterrestres, o instituto relacionou o projeto à teoria.
A região abrangida pelo protocolo faria parte de um “ambicioso projeto com objetivo de mostrar todas as interligações, principalmente do litoral brasileiro até o coração da Amazônia/Ratanabá”. “Estabelecendo um mapeamento que será verdadeiramente histórico e trará muitas novidades para a ciência mundial”, diz o instituto em seu site e redes sociais.
Em 2020, o secretário Lucena, então deputado federal, também esteve com Urandir no encontro com Mario Frias, quando o empresário teria falado de Ratanabá as teorias sobre a suposta cidade foram publicadas por Frias nas redes sociais. Na época, Lucena postou no Facebook sobre o encontro e não cita Ratanabá, mas diz que a reunião tratou sobre o Caminho de Peabiru.
ET Bilu virou figura conhecida nacionalmente após reportagem da TV Record, na qual ele solta a frase pela qual ficaria famoso: “Busquem conhecimento”.
A fama também alcançou o homem que seria o interlocutor do extraterrestre, Urandir Fernandes de Oliveira. Ele ganhou notoriedade entre defensores de teorias conspiratórias.