SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Leila Pereira, presidente do Palmeiras, rebateu as declarações feitas por Luiz Eduardo Baptista, presidente do Flamengo, durante exposição para o Conselho Deliberativo do clube carioca.

“O presidente Bap tem razão quando diz que eu tenho uma agenda muita clara. Afinal, todos sabem que defendo os interesses do Palmeiras sem tentar asfixiar os meus adversários, que eu trabalho arduamente pelo crescimento do futebol brasileiro e que honro todos os contratos assinados pelo clube, incluindo os das gestões anteriores”, disse Leila.

“Quanto à insinuação do presidente Bap sobre o boato de que eu estou comprando o Vasco, ele pode ficar tranquilo. Eu não estou comprando o Vasco. Aliás, eu não estou comprando nem o Vasco nem a Netflix.”

Ao citar a Netflix, a mandatária alviverde recorda uma declaração dada por Bap em 2014, quando era presidente da Sky. “Não somos concorrentes. Mas, daqui a pouco, se começarem a nos incomodar, podemos comprar esses caras no Brasil”, afirmou na época, durante um fórum de marketing.

O QUE BAP FALOU

“Eu não tenho dúvida nenhuma que existe uma agenda muito clara. A gente está falando desse problema da Libra. A empresa que ela preside emprestou dinheiro para a SAF do Vasco. Quem já pegou dinheiro com instituição financeira na vida? Algum banco pede como garantia as ações do seu negócio que não vai bem ou pede garantia de bens reais? Quero sua fazenda, apartamento. Quem pede 19% das ações se não puder ser pago? Parece que da última vez que vi isso acontecer no Brasil os Menin compraram o Atlético. Cresceram uma dívida que era necessária. Chegou uma hora eles executaram. Acho absolutamente estranho? Estamos falando de Fair Play Financeiro no Brasil. Isso deveria estar sendo questionado. A mulher de César não basta ser honesta, tem parecer honesta. Existe uma agenda, não tenho a menor dúvida. Qual a agenda o tempo vai dizer.

ENTENDA A POLÊMICA, QUE ENVOLVE A LIBRA

A Libra foi surpreendida com a liminar na Justiça do Rio, a favor do Flamengo, que trava pagamentos de uma parcela dos direitos de TV do Brasileirão que seria distribuída pelos clubes que fazem parte do bloco — composto, na Série A, por Atlético-MG, Bahia, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, São Paulo, Santos e Vitória.

Se o bloqueio prevalecer até o final do ano, por exemplo, significa que cerca de R$ 230 milhões ficarão travados e em discussão na Justiça. O montante travado até o momento é de R$ 77 milhões.

Dirigentes entendem que o movimento é uma tentativa do Flamengo de sufocar os membros do próprio bloco para mudança nos critérios de distribuição da verba referente à audiência, que representa 30% do total do contrato com a Globo. O Flamengo, por sua vez, entende que a disputa na Justiça foi o caminho viável para resolver um debate que dura cerca de dez meses.

A Libra tenta reverter a decisão na Justiça. “A Libra sempre se dedicou a atender aos interesses dos associados, incluindo questionamentos do Flamengo em relação ao modelo vigente. Mesmo se tratando de um tema debatido exaustivamente no passado, o assunto voltou à pauta e foi submetido à vontade democrática de todos os membros, que votaram pela manutenção do formato atual. A instituição não poupará esforços para defender na justiça a legitimidade das decisões coletivas e o cumprimento dos contratos”, informou a liga, em nota divulgada na semana passada.

Em meio ao imbróglio, a mandatária alviverde ousou o termo “terraFlamistas” e sugeriu ao Fla “jogar sozinho”. A palavra é uma variação de “terraplanistas”, que indica quem considera o planeta Terra como plano.

Se um clube se acha maior que o futebol brasileiro, tem que jogar sozinho, contra ele mesmo. Não tem os terraplanistas, que acreditam que a terra é plana? Agora tem os ‘terraFlamistas’. Eles acreditam que o sistema solar gira ao redor do Flamengo. Não é assim. Ninguém é maior do que ninguém. O Flamengo tem que botar os pés no chão e saber que não pode ditar o que é melhor para o futebol brasileiro levando em conta o que é melhor para ele. Isso não existe. O Flamengo tem que baixar um pouquinho a bola Leila Pereira, à geTV