RIO DE JANEIRO, RJ, E BARCELONA, ESPANHA (UOL/FOLHAPRESS) – Estevão Willian tem apenas 18 anos, sete partidas disputadas e um gol marcado pela seleção brasileira. Mas o atacante do Chelsea já ultrapassou colegas mais veteranos no coração do torcedor sul-coreano.
Ele é o jogador mais procurado, homenageado e celebrado nos raros contatos da delegação com o público em Seul na sexta-feira (10), às 8h (horário de Brasília), a seleção enfrenta a Coreia do Sul em amistoso.
Seja no hotel da seleção brasileira ou na entrada do Goyang Stadium, onde a equipe de Carlo Ancelotti está treinando, os fãs asiáticos gritam o nome do brasileiro. Camisas de número 41, do Chelsea e até do Palmeiras, formam parte de um cenário de idolatria à seleção e, em especial, a seu jogador mais jovem. Estêvão admitiu surpresa com essa badalação.
“(Surpreendeu) Bastante. Porque você está do outro lado do mundo. É uma coisa incrível, ainda mais vindo de onde eu saí e estar recebendo esse carinho. Serve de motivação para saber que estou no caminho certo, que estou trabalhando, lutando todos os dias para estar onde quero chegar e realizar todos os meus sonhos”, disse o jogador, em entrevista coletiva nesta quarta-feira.
O contato dos torcedores sul-coreanos com os atletas tem sido breve: acenos e gritos nas chegadas e saídas do ônibus, além de algumas horas de vigília na porta do hotel em busca de autógrafos e fotos com os atletas. Na segunda-feira, o atacante Richarlison foi um dos que parou para atender os fãs.
A explicação para o fenômeno da “Estevãomania” passa por dois fatores. O primeiro é a idolatria dos sul-coreanos pelo futebol brasileiro, fruto do título conquistado no Mundial de 2002 e do êxito de jogadores do país na liga da Coreia do Sul.
O segundo, a popularidade da Premier League no país asiático. Dois dos maiores ídolos do futebol sul-coreano jogaram na Inglaterra: Ji-Sung Park passou sete temporadas no Manchester United e, mais recentemente, Heung-Min Son, que foi ídolo no Tottenham.
A popularidade do Chelsea, novo clube de Estevão, pode ser explicada por um terceiro fator. A meio-campista So-yun Ji, maior artilheira da história da seleção sul-coreana feminina, jogou no clube londrino por oito temporadas, entre 2014 e 2022.
EM ALTA
Favorito dos fãs na Coreia do Sul, Estevão chega em bom momento a seu primeiro jogo com a seleção brasileira fora do ambiente sul-americano. No sábado (4), ele marcou o gol da vitória do Chelsea sobre o Liverpool, por 2 a 1.
O lance, aos 50min da segunda etapa, recolocou o Chelsea na briga da parte de cima da tabela da Premier League. O clube ocupa a sétima posição, com 11 pontos em sete rodadas. O Liverpool lidera com 16.
Todo atleta de alto nível tenta se manter no melhor possível. Fico muito feliz por fazer boa parte disso no Chelsea, ajudar os companheiros. Esse gol foi muito importante para mim e para minha família, na questão da adaptação. Estêvão
Pela seleção, Estevão ainda tem uma trajetória curta. Ele foi convocado para dez partidas das Eliminatórias da Copa do Mundo e participou de sete jogos, sendo apenas dois deles como titular. O único gol do ponta pela seleção até agora foi marcado contra o Chile, em setembro.
Só que, se olharmos os números com Carlo Ancelotti, é nítida a mudança do papel do ex-jogador do Palmeiras no time. Foi sob o comando do italiano que Estevão disputou as duas partidas como titular e marcou o gol diante dos chilenos.
Além de ter dado cada vez mais espaço para Estevão, Ancelotti trata a jovem promessa como um de seus “projetos” dentro da seleção. A relação entre técnico e comandado é de muita confiança, como mostra um episódio curioso na Granja Comary durante os treinos antes dos jogos com Chile e Bolívia.
Ao ver o jogador pela primeira vez depois da ida para o Chelsea, o italiano puxou conversa em inglês. Emendou um “How are you?”, o famoso “como vai?”. Estevão, tímido e ainda engatinhando no inglês, respondeu apenas “I´m fine” (“Estou bem”).
Ter Estevão bem tornou-se um dos grandes objetivos de Ancelotti: além da qualidade técnica e do potencial de crescimento, o mais jovem convocado da seleção pode jogar tanto pelos lados quanto como um meia-atacante, mais centralizado as duas funções são vistas como fundamentais pelo treinador.
“Desde que eu cheguei aqui, ele tem me dado toda segurança possível, tem me passado confiança. Acho que essa confiança, porque ele sabe do meu potencial, é muito importante saber que ele confia em mim. Ele confiando, eu posso estar seguro para fazer as coisas. Ele sempre fala para mim sobre confiança”, diz o jovem.