BOGOTÁ, COLÔMBIA (FOLHAPRESS) – O prêmio Nobel de Química de 2025 ficou com os cientistas Susumu Kitagawa, da Universidade de Kyoto, no Japão, Richard Robson, da Universidade de Melbourne, na Austrália, e Omar M. Yaghi, da Universidade da Califórnia, Berkeley, nos EUA, pelo desenvolvimento de estruturas metalorgânicas.
Os três pesquisadores foram premiados por criarem uma nova forma de arquitetura molecular. As estruturas metalorgânicas completamente novas criadas possuem grandes espaços em seus interiores, como se fossem um hotel, no qual moléculas visitantes podem entrar e sair.
Uma pequena quantidade desses materiais poderia comparada à bolsa de Hermione Granger, em Harry Potter, que é capaz de carregar muito mais coisas do que aparenta. No caso dos materias citados no Nobel, eles podem armazenar grandes quantidades de gás em um pequeno volume.
“Imagine que, com as ferramentas químicas, pudéssemos criar materiais inteiramente novos com propriedades desconhecidas. Imagine que pudéssemos fazer materiais sólidos cheios de pequenos espaços, nos quais moléculas de gás podem se sentir em casa e com propriedades químicas que podem ser ajustadas de acordo com a necessidade de diferentes moléculas”, disse Heiner Linke,
presidente do Comitê Nobel de Química, durante apresentação dos prêmios.
Essas construções, estruturas metalorgânicas, podem ser usadas para extrair água do ar do deserto, capturar dióxido de carbono, armazenar gases tóxicos ou catalisar reações químicas.
A láurea foi anunciada, pela Academia Real Sueca de Ciências, em Estocolmo, na Suécia, na manhã desta quarta-feira (8).
Cada um dos ganhadores receberá um diploma, uma medalha de ouro e uma fatia igual do valor de 11 milhões de coroas suecas, montante equivalente a R$ 6,3 milhões na cotação atual.
A química, por sinal, era a área de conhecimento mais importante para o trabalho de Alfred Nobel (1833-1896), criador do prêmio, e é o segundo prêmio mencionado por ele em seu testamento. O sueco é conhecido por ter sido o inventor da dinamite.
No ano passado, a láurea de Química foi dividida entre David Baker, Demis Hassabis e John Jumper. A premiação foi pelo uso de técnicas computacionais para projetar ou inferir a estrutura tridimensional das proteínas, que estão entre as moléculas mais importantes do organismo dos seres vivos.
Desde 1901, o prêmio de Química foi entregue 117 vezes. Isso não aconteceu somente em oito ocasiões, em 1916, 1917, 1919, 1924, 1933 e de 1940 a 1942.
Ao todo, 198 pessoas já ganharam a láurea, sendo que duas delas a receberam duas vezes. São elas o britânico Frederick Sanger (1918-2013), agraciado em 1958 e 1980, e o americano K. Barry Sharpless, 84, em 2001 e 2022.
Marie Curie (1867-1934) também foi premiada duas vezes, porém em categorias diferentes: primeiro em Física em 1903 e depois em Química em 1911. O mesmo se aplica ao americano Linus Carl Pauling (1901-1994), que ganhou o de Química em 1954 e o da Paz em 1962.
A filha mais velha de Marie e de Pierre Curie (1859-1906), detentor do Nobel de Física em 1903, repetiu o feito dos pais. Irène Joliot-Curie (1897-1956) foi agraciada com um Nobel, no caso dela na categoria de Química, em 1935.
Irène compartilhou a láurea com o seu marido, Frédéric Joliot (1900-1958), que, por sua vez, é o mais jovem a receber um Nobel de Química. Ele tinha 35 anos quando foi premiado. Já o mais velho é o alemão John B. Goodenough (1922-2023), aos 97 anos em 2019.
Marie e Irène estão entre as pouquíssimas mulheres a serem agraciadas com um Nobel de Química, a exemplo do que é visto nas demais categorias científicas da premiação, de Física e Fisiologia ou Medicina. Houve somente oito nessa categoria.
Além de Curie, apenas a egípcia Dorothy Crowfoot Hodgkin (1910-1994) se tornou uma representante feminina a ganhar a láurea de Química sozinha. Isso foi em 1964.
Em 2020, o Nobel de Química voltou a ser 100% feminino, com a francesa Emmanuelle Charpentier, 56, e a americana Jennifer Doudna, 61. Suas pesquisas foram importantes para abrir a porta para a possibilidade de reescrever o código da vida com edição genética. Você já deve ter ouvido da técnica usada para isso: Crispr-Cas9.